Inaugurado há dois anos pela Ecovias do Araguaia, e mantido com recursos provenientes do pedágio, o PPD de Uruaçu (GO), localizado na BR-153/GO, já apresenta problemas de manutenção
Oferecer mais conforto e segurança para os profissionais do transporte de carga e de passageiros. Esses são os principais objetivos dos Pontos de Parada de Descanso (PPDs), segundo o governo federal. Os poucos que foram construídos pelas concessionárias são mantidos com dinheiro do pedágio. Não é um serviço gratuito de fato.
Conforme o Estradas já comprovou, o governo federal não viabilizou nenhum PPD em rodovia sem pedágio. Portanto, existem dois tipos de PPDs, os pagos com dinheiro de pedágio e os que o governo bateu na porta dos proprietários de postos e pediu para serem cadastrados como PPD para cumprir a legislação vigente.
De acordo com a lei nº 13.103/2015, que conceituou os PPDs como locais de espera, repouso e descanso dos motoristas profissionais, os estabelecimentos situados às margens das rodovias – normalmente postos de combustíveis – têm como propósito dar suporte aos caminhoneiros durante suas viagens a trabalho.
Entretanto, a lei especifica também que esses locais credenciados devem atender às condições mínimas de segurança, sanitárias e de conforto. Na prática, não é bem assim.
Reclamações dos caminhoneiros sobre manutenção já começaram
O Estradas registrou reclamações de vários caminhoneiros que relataram problemas na unidade do PPD de Uruaçu (GO), trecho de concessão da Ecovias do Araguaia. A preocupação deles é ajudar para que mantenham a estrutura, já que o local tem dois anos e já revela falhas na manutenção . Sem esquecer de que é pago com o dinheiro que os usuários deixam no pedágio, dentre eles os caminhoneiros.
Entre as irregularidades apontadas pelos profissionais, estão a interdição de três boxes com chuveiros, de um total de seis; piso do box de banho trincado; chuveiros sem funcionamento elétrico; paredes com sinais de infiltração de água, entre outras.
Segundo os profissionais, além disso, há problemas no escoamento de sobra de água no bebedouro; banheiros de uso para deficientes, constantemente fechado (se precisar usar, a chave fica na portaria 24h.
Inaugurado há dois anos, o PPD de Uruaçu (GO) já apresenta problemas apesar da receita do pedágio.
Mas, apesar dessas irregularidades, os profissionais também relataram vários pontos positivos da unidade; entre eles, a segurança, a limpeza, a iluminação, as lixeiras, a sala de ar-condicionado e a organização em geral.
O que ficou claro é que o objetivo dos caminhoneiros não é reclamar mas sim alertar para que a deterioração não aconteça. Até porque estão pagando pelo serviço, ainda que por meio do pedágio.
Estacionamento gratuito em postos particulares
Segundo os caminhoneiros, há postos de combustíveis no trecho em que eles trafegam que também oferecem locais, algumas vezes, mais bem estruturados e também gratuitos. É o caso dos postos da Rede Marajó, presentes nos estados de Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Pará.
De acordo com o depoimento de um dos caminhoneiros que o Estradas conversou, ele costuma utilizar, às vezes, o posto Marajó, de Hidrolândia (GO), tanto no sentido Goiânia, que é o Posto 2, quanto no sentido Itumbiara, a unidade 1. “Eu tenho preferência pelos postos da rede Marajó, em Goiás e no Tocantins. São em maior número, e é um box maior que possui pia com espelho, vaso e chuveiro. Mas não são todos Marajó que têm esse tipo de banheiro”, frisou.
Veja abaixo o vídeo do posto Marajó de Hidrolândia(GO) que não cobra pernoite, nem banho e tem estrutura superior ao PPD da concessionária. Inclusive com capela para os religiosos.
Outra observação feita pelo profissional ouvido pelo Estradas é com relação ao PPD de Talismã, também na BR-153/GO, no km 801. “O PPD de Talismã está perfeito em relação a esse de Uruaçu(GO)“, ressaltou.
A reportagem conversou com Leandro Amontino, gerente do posto Marajó Hidrolândia 2, localizado no km 536,pista sentido Goiânia (GO). Bastante atencioso, ele explicou que a Rede de Postos Marajó oferece estacionamento e banho gratuitamente a todos os motoristas profissionais.
Há 15 anos trabalhando na Rede Marajó, Amontino disse que a unidade onde gerencia tem 150 vagas para caminhões e a pernoite é gratuita para todos. “Além do restaurante, o Hidrolândia 2 tem lanchonete, borracharia, troca de óleo, lava-rápido e banheiros equipados com 12 boxes de banho masculino, e 4 boxes de banho feminino; além de 8 boxes de banheiro masculino e 4 boxes de banheiro feminino, voltados aos motoristas profissionais; e 3 boxes de banheiro masculino e 3 boxes de banheiro feminino, voltados ao público de carros de passeio.
Segundo o gerente, o pátio de estacionamento tem um guarda que rondas para garantir ainda mais a segurança dos motoristas, e serviços de bando (Frota Bank), que oferece ao caminhoneiro a oportunidade de realizar transações bancárias a qualquer hora do dia. (depósito em dinheiro e cheque, saques, pagamento de contas).
Outros serviços à disposição dos motoristas profissionais são a linha de crédito, que permite a compra de produtos com pagamento no boleto, e cashback de até R$0,10
De acordo com Leandro Amontino, há postos da Rede Marajó que têm pátio com capacidade para até 500 caminhões. “O de Ananindeua, no Pará, tem um pátio de 60 mil metros quadrados com 450 vagas.”
Para Rodolfo Rizzotto, autor do estudo: “A Importância social e econômica dos pontos de parada”, o alerta dos caminhoneiros é fundamental. “O PPD faz parte do contrato e a concessionária arrecada no pedágio para mantê-lo em condições. Já o governo, faz cortesia com o chapéu alheio, então o mínimo que deve fazer é fiscalizar a concessão para que as instalações, ainda que simples, estejam impecáveis. Quando o caminhoneiro não gosta dos serviços de um ponto de parada, ele pode simplesmente deixar de frequentar. Mas no caso dos PPDs , ele é obrigado a pagar pedágio, então o caminhoneiro tem muito mais direito de cobrar porque o PPD não é gratuito, ele paga pelo serviço. Cabe à ANTT fiscalizar os serviços oferecidos.”
O que diz o outro lado
O Estradas entrou em contato com a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT) para saber qual a providência da Agência frente a essa situação relatada pelos caminhoneiros.
Por meio de sua assessoria de imprensa a reportagem recebeu a seguinte resposta:
“A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informa que segue atenta, monitorando e fiscalizando o cumprimento das obrigações contratuais da concessionária, para garantir a melhor prestação do serviço aos usuários. A Agência destaca que, de acordo com a empresa responsável pelo trecho, houve “um problema pontual no sistema hidráulico dos banheiros do PPD 02, no dia 30/08, no período noturno. Porém, a equipe de manutenção foi acionada e o problema resolvido, estando toda estrutura em pleno funcionamento e disponível.”
A reportagem também manteve contato com a concessionária Ecovias do Araguaia para se posicionar a respeito das denúncias dos profissionais. O portal aguarda a posição da empresa. Apenas informaram da estrutura que oferecem.
No local são 78 vagas com 6 boxes com chuveiro para caminhoneiros. Os postos Marajó, por exemplo, oferecem muito mais e 150 vagas, além de uma infinidade de serviços. Dentre eles o wi-fi gratuito de qualidade. Já no PPD de Uruaçu da Ecovias do Araguaia, os motoristas reclamaram bastante da conexão.
Nesta quinta-feira (12), o Estradas recebeu a seguinte posição da Ecovias do Araguaia:
“A Ecovias do Araguaia informa que identificou um problema pontual no sistema hidráulico dos banheiros do PPD 02, no dia 30/08, no período noturno. A equipe de manutenção foi acionada e o problema foi resolvido, estando toda estrutura em pleno funcionamento e disponível aos usuários. Com relação ao reparo da cerâmica que teve de ser retirada/rompida para acesso ao ralo e tubulação, este reparo está programado pela equipe predial para acontecer entre hoje a amanhã.”
Matéria atualizada às 11h de quinta-feira (12/9/24) com a posição da Ecovias do Araguaia
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Ecovias do Araguaía está de parabéns , já pensou se a concessionária que cuida Brasília a frutal cuidasse igual ? A pior estrada é a administrada pela que cuida Brasília a frutal
Excelente reportagem.
Também concordo com o amigo a br 153 está uma vergonha só limpeza de acostamento pra dizer q estão fazendo alguma coisa mas na verdade não estão só tem trepidação