Na semana passada comentamos sobre os balanços dos acidentes no Carnaval e a necessidade das autoridades terem metas de redução de acidentes e serem responsabilizadas quando estas não forem atingidas.

No dia seguinte ao nosso comentário um ônibus da Expresso Guanabara invadiu a contramão e colidiu com uma carreta na BR-020 em Goiás. Outra carreta vazia tombou após também colidir com o coletivo.

Nove pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas. Ao que tudo indica, o motorista do ônibus cochilou ao volante. Faltavam apenas 17km para terminar a viagem. A empresa garante que ele tinha descansado 20h antes de viajar. Entretanto, em dezembro, um motorista da mesma empresa denunciou em vídeo as condições de trabalho e falta de descanso.

Por outro lado, a carreta que tombou estava sendo conduzida por um motorista cuja categoria da CNH não permitia que dirigisse esse tipo de veículo.

Curiosamente, uma semana depois do acidente não há nenhuma informação sobre a velocidade registrada no tacógrafo, espécie de caixa preta dos caminhões e ônibus, que permitiria saber se os motoristas andavam em excesso de velocidade. Nem mesmo quem era o motorista da carreta que foi alvo do ônibus na primeira colisão, nome empresa em que trabalha ou quem são os donos da carga.

Não há também informações sobre eventual uso de drogas ou se algum dos motoristas estaria alcoolizado.

Fica evidente que a investigação de acidentes no Brasil precisa ser aprimorada e mais transparente. É fundamental o envolvimento de outras autoridades além da Polícia Civil e Rodoviária. Precisamos criar um órgão de investigações para que Ministério Público, Ministério do Trabalho, representantes da sociedade, como entidades de vítimas de trânsito, seguradoras, DPVAT, dentre outros, participem da apuração dessas tragédias.

Foram dados os primeiros passos na administração anterior do Denatran, com a elaboração do projeto do CENIPATRAN- Centro de Investigações de Acidentes de Trânsito, uma espécie de CENIPA, que investiga acidentes aéreos. O foco é aprender com os acidentes e evitar que eles se repitam. Infelizmente está tudo parado na nova gestão.

No caso dos acidentes de trânsito de grandes proporções, os envolvidos culpados devem ser responsabilizados com o máximo rigor. Precisamos punições exemplares, como ocorre nos EUA. Assim, outros condutores ou até empresas que são negligentes com a segurança, vão entender que acidente é um péssimo negócio.

Fonte: ASCOM