Corporação também não informou o número de fiscalizações de veículos flagrados em excesso de velocidade
A Operação Natal 2022 nas rodovias federais do País foi divulgada, nessa segunda-feira (26), pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas sem informar o total de acidentes (sinistros) de trânsito, de feridos e de mortes registradas no período entre 22 e 25 de dezembro.
O Estradas questionou a Corporação e o Ministério da Justiça sobre o motivo pelo qual não foram informados esses números, que são essenciais e importantes para a comparação com anos anteriores. No período da tarde dessa terça-feira (27), a PRF respondeu alguns dos questionamentos.
Segundo a Corporação, “ocorreram 85 sinistros graves (que tenham gerado ao menos uma vítima com lesão corporal grave ou morte), que foram atendidos presencialmente pela PRF. Os outros são acidentes de relevância secundária ou confeccionados pelo próprio envolvido, via internet.”
Os dados são, no mínimo, estranhos, uma vez que só no estado de São Paulo, na Operação Natal 2022, foram registrados 386 sinistros.
Ainda de acordo com os dados da PRF, o total de feridos (leves e graves) durante a Operação Natal 2022 foi de 199. No balanço do Estado de São Paulo o número foi de 301 feridos.
Já quanto ao total de mortes, a PRF informou que nos 75,5 mil km – que corresponde à malha rodoviária federal, morreram 56 pessoas. Na malha paulista, que é de 22 mil km, o total de óbitos foi 16.
Natal 2021
Para se ter uma ideia da discrepância de dados dessa Operação Natal 2022 em relação a 2021, segundo a própria PRF, em 2021 foram registrados 732 acidentes, enquanto que em 2020 foram 791, redução de 7%. Já quanto aos acidentes graves, que envolvem ao menos um ferido grave ou morto, em 2021 foram registrados 225, enquanto em 2020 foram 234, ou seja, houve uma redução de 4%”, informou a corporação, em nota.
Ainda segundo a PRF, “o número de mortos aumentou. Em 2021, foram registradas 83 mortes, 13 a mais que em 2020. Quanto ao número de feridos, em 2021 foram 1.079, enquanto em 2020 foram 1.043, ocorrendo uma alta de 3%.”
Segundo a PRF, o balanço da Operação Natal 2022 é um desdobramento da Operação Rodovida 2022/2023, realizada entre os dias 22 e 25 de dezembro nas rodovias federais de todo o Brasil.
Ainda de acordo com a PRF, entre os principais objetivos da operação estão a redução da violência no trânsito e dos custos sociais dela decorrentes, por meio da intensificação das ações de segurança viária nos trechos mais críticos para a acidentalidade e do aumento da presença e disponibilidade de agentes públicos nesses locais. Porém, sem os números dos acidentes, não há como os usuários saberem se houve redução ou não, apesar de a PRF informar que houve “diminuição de 65% no número de acidentes graves, 82% no número de feridos e 38% no número de mortes registradas em relação ao mesmo período de 2021“.
Ainda conforme o balanço, “85.668 pessoas foram fiscalizadas e 60.953 veículos foram abordados, superando as metas para a operação e as estatísticas do ano passado. Durante os comandos fiscalizatórios, 45.764 testes de alcoolemia foram realizados, número 51% maior do que o registrado em 2021, resultando em 1.541 autos de infração por dirigir sob influência de álcool e 95 motoristas presos por crime de embriaguez ao volante.
Com relação às infrações mais recorrentes durante a operação, destacam-se os registros de 3.819 autos por ultrapassagem em faixa contínua, 2.903 autos para condutores e passageiros sem cinto de segurança e 659 autos confeccionados por falta de dispositivos de retenção para crianças.”
Excesso de velocidade
Entretanto, além da falta de informação dos números de sinistros, feridos e mortes nas rodovias federais, a PRF também não divulgou o número de fiscalizações nem o número de autuações realizadas em veículos que excederam o limite de velocidade.
Historicamente, a PRF sempre divulgou tais dados. Porém, desde agosto de 2019, a Corporação deixou de fazê-lo. Tais informações são importantes para se ter uma ideia a respeito do total de sinistros nas estradas federais.
Brasil reduz fiscalização e facilita a impunidade
Estudo do SOS Estradas mostra que no Brasil, desde abril de 2019, o governo federal iniciou uma política de desligamento de radares e chegou a deixar a Polícia Rodoviária Federal sem os portáteis. Naquele ano, as mortes aumentaram em média 15% ao mês nas rodovias federais, comparando com o mesmo período de 2018.
As multas por excesso de velocidade nas rodovias federais, aplicadas pela PRF, caíram de 2.345.158 em 2018 para 1.446.344 em 2019 e 392.397 em 2020, quando comparamos as rodovias federais com as estaduais de São Paulo. A falta de fiscalização teve impacto mortal.
Apesar da queda do movimento nas rodovias em todo país, estimado em cerca de 15% em 2020, por conta da pandemia, a Polícia Militar Rodoviária de São Paulo fiscalizou com mais rigor os abusos de velocidade, mais frequentes devido às pistas vazias. Já a PRF, reduziu em mais de 70% a sua atuação na fiscalização.
O resultado foi que São Paulo conseguiu reduzir as mortes em 10%, próximo da queda do movimento, enquanto as rodovias federais não registraram quase nenhuma redução. Nas rodovias federais foi como se a pandemia não existisse, o número de mortos foi o praticamente o mesmo de 2019.
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