CAOS NO SETOR: Produção de veículos cai drasticamente em abril e setor registra a pior retração desde 1957. Foto:Divulgação

De acordo com o presidente da Anfavea, índice atingiu o pior patamar,  desde o surgimento do setor no início dos anos 60

Um cenário caótico atingiu a indústria automobilística nesse mês de abril. Desde o início da indústria automobilística, em 1957, o Brasil não havia registrado um mês com produção tão baixa como abril deste ano, segundo os dados divulgados na sexta-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Com quase todas as fábricas paradas ao longo do mês, apenas 1.847 veículos foram produzidos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, um tombo de 99% sobre o mês anterior e de 99,4% sobre abril do ano passado.

De acordo com o balanço da Anfavea, os licenciamentos de veículos, de 55,7 mil unidades, foram 76% menores que em abril de 2019, pior resultado em 20 anos. O segmento de caminhões recuou 53,5% no mesmo período, e o de máquinas caiu 23,9%. Já as exportações despencaram 79,3% para autoveículos (pior volume desde janeiro de 1997) e 62,1% para máquinas, na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Ainda de acordo com a Anfavea, os estoques na virada do mês estavam em 237 mil unidades entre fábricas e concessionárias, suficientes para quatro meses de vendas no ritmo lento atual, o que explica a dificuldade em retomar a produção em todas as fábricas. O único indicador positivo é o nível de empregos diretos na indústria, que se mantem num patamar acima dos 125 mil na soma das 26 associadas da entidade.

Na opinião do presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, há que se preservar a saúde dos funcionários, e ao mesmo tempo encontrar meios para que o Brasil não entre numa recessão tão grave que possa levar o país a um colapso. “Isso exige um engajamento coordenado de toda a sociedade e também do Estado brasileiro, com foco absoluto na saúde e na economia. Não é hora de ruídos políticos que só desviam as atenções do que realmente interessa à população brasileira no momento de uma crise sem precedentes”.