O projeto executivo da duplicação da BR-470 ainda não foi finalizado, mas os técnicos já identificaram 20 nós que merecem atenção para ampliar as pistas da rodovia. Concluído em março e disponível para consulta popular nas prefeituras do Vale, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), que antecede o projeto executivo, aponta 11 cruzamentos e nove pontes, distribuídos entre os 74 quilômetros de Navegantes a Indaial, que terão de ser reformulados para se adequar ao projeto de ampliação das pistas.

Entre as estruturas apontadas como gargalos pelo estudo estão o Viaduto da Mafisa, em Blumenau, e o viaduto sobre a BR-101, em Navegantes. São pontos onde o tráfego rodoviário se mistura ao tráfego urbano, resultado da histórica falta de ligações urbanas providas pelos municípios. O EIA foi apresentado à população quinta e sexta, em audiências públicas em Blumenau e Navegantes.

A maior parte da rodovia foi desenvolvida ainda nas décadas de 1970 e 1980, pelo antigo Departamento de Estradas e Rodagem (DER) de Santa Catarina, atual Deinfra. A concepção de estradas da época contemplava uma faixa de domínio de apenas 70 metros de largura, cerca da metade do modelo federal, e foram desenvolvidas para abrigar a média de 3 mil veículos por dia. Hoje, têm a mesma estrutura para suportar quase 12 mil.

O Departamento Estadual de Trânsito (Detran) não dispõe de dados antigos, mas estima-se que em três décadas o contingente de veículos quadriplicou nos cinco municípios por onde passará a duplicação. Para se ter ideia, apenas nos últimos nove anos, a frota dessas cidades aumentou de 157.114 para 301.686 – crescimento de 92%.
– Temos um conflito de tráfego urbano com o de trânsito rápido da rodovia. Os municípios também não proveram rotas alternativas para interligar os bairros, e a rodovia se tornou única via de escape para os moradores das áreas periféricas – analisa o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Elifas Marques.

Ocupação das margens trouxe o tráfego urbano para a rodovia Como resultado, hoje as interligações da BR-470 nos trevos formados com vias municipais apresentam alto índice de acidentes e engarrafamentos nos horários de pico. Caso do acesso principal à Margem Esquerda, em Gaspar, e o trevo de acesso a Itoupavazinha, em Blumenau. A ocupação comercial sobre as margens da BR também atrai mais veículos para a rodovia.

O trecho mais crítico vai do Km 57, em Blumenau, ao Km 74, limite entre Indaial e Rodeio.

– O uso lateral da rodovia trouxe o fluxo urbano e também os pedestres, que são levados pelos ônibus. A concentração de pessoas numa área que deveria servir apenas para o trânsito rápido é o que potencializa os acidentes – aponta o doutor em sistemas de transportes, Ivo Reinhold.