A cratera que se formou quarta-feira na BR-010, a rodovia Belém-Brasília, à altura do km 317, está sendo reparada graças à trégua das chuvas na região entre os municípios de Santa Maria e São Miguel do Guamá, nordeste paraense. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que somente na segunda-feira (2) concluirá as obras de reparação da rodovia.
Pedro Medina, consultor do Dnit, informa que uma escavadeira hidráulica faz a retirada de terra na beira do rio para reassentar o tubo ármico (de 35 metros e 1,60 m de diâmetro) e permitir que as águas voltem a correr normalmente. Na quinta-feira, outra escavadeira chegou ao local para auxiliar na colocação do tubo. “Após isso será feita a compactação da terra até o nível da rodovia para depois fazer a liberação do tráfego, sendo que a pavimentação em asfalto será realizada em uma etapa posterior e a empresa afixará placas de advertência no local”.
Segundo Medina, o Dnit colocou uma cancela com pranchões de madeira para que a população faça a travessia do rio. Se a chuva não voltar, a Delta Engenharia, responsável pela obra, poderá recompor o sistema de drenagem e pavimentar o trecho danificado. Os técnicos do departamento acreditam que o incidente foi provocado porque uma barragem ou açude de fazenda próxima que não suportou o volume das chuvas e cedeu provocando uma tromba d’água que atingiu o pavimento da rodovia.
O trecho continua interditado. A equipe do Dnit trabalha na execução de um desvio para o tráfego que se acumula no local. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) cobre o trecho para impedir que curiosos se aproximem da cratera e atrapalhem as obras e também para indicar rotas alternativas, como a PA-140 via Irituia até a BR-316, que aumenta o trajeto em cerca de 100 quilômetros.
No Terminal Rodoviário de Belém, a Viação Boa Esperança, única que faz a rota para São Miguel do Guamá, não está vendendo bilhetes. “A cratera está passando Santa Maria, então não tem dificuldades para chegar até lá. Já para São Miguel, o ônibus não tem como ir, então tiramos passagens até o km 14 da BR-010 e de lá é feito um desvio por Ourém, Capitão Poço e Irituia, que já está no km 172 da rodovia. Com esse desvio, o tempo de viagem aumentou em duas horas”, informou Melquizedeq Barbosa, funcionário da empresa de transporte.
Márcia Leite, que é funcionária da Prefeitura de Tomé-Açu, conseguiu voltar para casa em Belém. “Já estava me preparando para passar o fim de semana lá, caso não desse para passar na estrada. Vou todas as segundas e volto nas sextas-feiras, mas graças a Deus a pista de volta já estava liberada. Colocaram pedra, areia e tábuas de madeira e aí deu para chegar em quatro horas e meia aqui”.
ABASTECIMENTO
Já falta combustível na área próxima ao rompimento da estrada. “Aquela região só vai poder ser abastecida quando a estrada for normalizada. O combustível tem que transitar por estradas seguras e não pode fazer atalhos para chegar ao local. Só tem como passar pela BR-010”, esclareceu Alírio Gonçalves, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Estado do Pará (SindCombustíveis).
A cratera na estrada prejudica o setor supermercadista, já que os produtos têm mais dificuldade ou não chegam à capital. Segundo José Oliveira, vice-presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), os produtos de hortifruti são os primeiros cujo abastecimento fica prejudicado pelo problema de transporte. “Talvez tenha algum desvio que faça a mercadoria chegar com algum atraso, como é o caso dos hortifruti, já que a maioria vem de São Paulo”. Oliveira frisou que cerca de 80% dos produtos que o Pará consome vêm de fora do Estado.
RESUMO
Uma forte chuva fez parte da região nordeste do Estado alagar e provocou a abertura de uma cratera na altura do km 317 na rodovia Belém-Brasília (BR-010), entre os municípios de Santa Maria e São Miguel do Guamá. Por volta das 5h da manhã da quinta-feira, o asfalto começou a ceder e doze horas depois, uma cratera de mais de 15 metros se abriu na passagem do igarapé Itaquimirim, perto do ramal de Carrapatinho, arrastando a tubulação que permitia o fluxo de água sob a pista. Equipes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) interditaram o perímetro e tem orientado os motoristas por desvios que significam atrasos de uma a duas horas nas rotas.
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