A Rodovia Rio-Santos (BR-101) está sendo considerada a principal rota do tráfico de drogas na região da Costa Verde. Para autoridades de segurança pública, a via tem sido a principal escolha feita por traficantes da capital e de estados como São Paulo.

– O que temos de casos concretos mostra que a grande maioria do tráfico da Costa Verde vem do Rio de Janeiro e de São Paulo e, pelas nossas últimas investigações, vimos que isso tem sido feito através da Rio-Santos, tanto que estamos focando nisso – afirmou o delegado da Polícia Federal da Costa Verde, Sérgio Nori.

O delegado explicou ainda como vem sendo feita a distribuição dos entorpecentes após entrarem nos municípios.

– O mais comum é a droga ser encaminhada diretamente para os morros. Antigamente havia uma ou outra comunidade que se destacava nesse ponto e recebia mais drogas, mas hoje em dia a situação está bastante uniforme. Em Angra, por exemplo, há um destaque para os morros Sapinhatuba I, II, e III, pois eles estão mais próximos da rodovia e do centro da cidade ao mesmo tempo – afirmou Sérgio.

Quanto às rotas do tráfico marítimo em toda a Costa Verde, Sérgio acredita que a situação esteja bem amena.

– Recebemos algumas informações do tráfico marítimo, mas não temos nada de concreto. Então, priorizamos a rodovia- ressaltou.

A Capitania dos Portos informou que realiza constantes operações de fiscalização para analisar quesitos como habilitação dos condutores, documentação da embarcação, material de salvatagem (coletes e boias), extintores de incêndio luzes de navegação, lotação e estado da embarcação, e que em toda e qualquer fiscalização a presença de entorpecentes na embarcação também é averiguada.

Apreensões

Comprovando a rota traçada pelas investigações, as apreensões de drogas e prisões de traficantes do Rio de Janeiro e de São Paulo são constantes. Há dois meses, por exemplo, André Luiz Dias das Mercês, conhecido como “André Bocão”, de 28 anos, foi preso em uma operação da Polícia Militar no Morro da Lambicada, em Angra dos Reis. “Bocão” era apontado como o chefe do tráfico na favela do Fumacê, em Realengo, na capital fluminense. Ele era foragido do sistema penal, onde cumpria pena por homicídio e roubo à mão armada, além de possuir dois mandados de prisão em aberto.

Segundo informações de familiares, o suspeito de pertencer a uma facção criminosa estaria refugiado em Angra. “André Bocão” e dois homens foram denunciados em abril pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro por formação de quadrilha e por um homicídio. Ainda de acordo com informações do MP, os três denunciados integrariam uma quadrilha responsável por roubos, homicídios e ocultação de cadáveres em Realengo.

Com “André Bocão”, policiais militares do 33º Batalhão efetuaram a maior apreensão de drogas em Angra até o momento em 2011. Dentro da bolsa do acusado os PMs encontraram 613 sacolés de cocaína, 492 pedras de crack (que seriam vendidas a R$ 10), 88 pedras de crack (ao preço de R$ 50), caderneta de contabilidade do tráfico e R$ 89 em espécie. As drogas apreendidas pelos militares causaram um prejuízo de aproximadamente R$ 15,5 mil para o tráfico de drogas. “André Bocão” foi transferido para uma unidade prisional do estado.

Operações de rotina continuam sendo realizadas em Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba no intuito de eliminar o tráfico de drogas. Até o mês atual, 227 apreensões foram realizadas.

Para que as apreensões continuem, o comandante do 33º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Almyr Cabral, reforça que a participação da população é essencial para melhorar o trabalho policial.

– Espero que os moradores possam confiar na polícia, e nos ajude denunciando os autores de crimes na região. Eles podem ligar para o Disque-denúncia, pois a melhor arma do cidadão é o anonimato – afirmou o comandante.

População se preocupa

O crescimento das estatísticas relacionadas ao tráfico de drogas já vem preocupando os moradores de toda a região.

– Angra corre o risco de se tornar uma cidade habitada por pessoas de idade avançada. Vemos através da mídia que muitos jovens são mortos, na maioria das vezes, por envolvimento com o tráfico de drogas, por isso este mal tem de ser combatido com grande intensidade – destacou o comerciante Paulo Soares.

A moradora de Paraty Luiza Nunes ressalta o quanto o crescimento da violência tem incomodado os munícipes.

– Antigamente ouvir falar de tráfico de drogas em Paraty era coisa rara. Eram situações isoladas, que não nos preocupavam. Mas, agora, os casos são tantos que a cada esquina se ouve sobre algum lugar onde os traficantes tomaram conta. Espero que as autoridades tomem consciência disso antes que as coisas piorem – disse Luiza.