Na mesma hora em que seu filho nascia em Jundiaí, José Augusto dos Santos, 29, era taxado como se estivesse passando por um pedágio em Campinas, 39 km distante, também no interior de SP.

“Meu carro estava no estacionamento do hospital”, queixa-se ele, que havia aderido à cobrança eletrônica do serviço Sem Parar/Via Fácil.

Cliente do mesmo sistema, que instala um tag (etiqueta eletrônica) no para-brisa para não parar na cabine do pedágio e debitar a tarifa depois na conta, Sérgio de Oliveira, 53, passou com naturalidade por uma cancela aberta na rodovia Castello Branco.

Semanas depois recebeu uma multa por evasão de pedágio –R$ 127 e cinco pontos na CNH. “O pato sou eu que devo pagar por um negócio que não funcionou”, afirma.

Histórias do tipo não são mais esporádicas. Entre 2005 e 2008, uma única queixa foi formalizada no Procon-SP contra os serviços. Já em 2009, foram 17 queixas.

Uma das principais justificativas da empresa é a expansão de seus usuários. Os pagamentos de pedágio pelo sistema se tornaram em 2010 majoritários nas rodovias estaduais sob concessão privada. Em 2005, 32% dos carros não paravam nas cabines devido à cobrança automática. Atualmente eles já são 51%.

Tem motorista cobrado por lugar onde nunca esteve, carro taxado como caminhão, veículo barrado como se não fosse do Sem Parar e a queixa mais constante: as cancelas que não abrem, provocando freadas e acidentes. Os motivos dos transtornos são diversos –vão de falhas técnicas dos aparelhos e cadastro indevido de tags até a imprudência de condutores com excesso de velocidade.