O acidente entre um caminhão e o trem da América latina Logística (ALL), no último domingo, que acabou com duas vítimas, tem levantado discussões sobre a necessidade de se sinalizar os cruzamentos entre as rodovias e ferrovias.

Segundo a ALL, o Regulamento dos Transportes Ferroviários, art. 10°, § 4°, aprovado pelo Decreto 1.832 de 04/03/96, o responsável pela execução da via mais recente assumirá todos os encargos decorrentes da construção e manutenção das obras e instalações necessárias ao cruzamento, bem como pela segurança da circulação no local. Portanto, qualquer obra adicional de sinalização será de responsabilidade da administração rodoviária, atualmente concedida à Ecosul, responsável pela arrecadação de pedágio e conservação das condições de tráfego e segurança da rodovia, implantada após a construção da ferrovia.

A ALL reforça ainda que os motoristas precisam estar atentos aos cruzamentos de linha férrea. De acordo com o Código Nacional de Trânsito (Artigo 212), a linha férrea é sempre preferencial, sendo considerada infração gravíssima transpô-la sem parar. Isso deve-se ao fato de que o trem, ao contrário dos demais veículos, precisa de até um quilômetro para parar totalmente, mesmo após o maquinista acionar os freios.

A empresa reforça ainda que toda sinalização existente no local (quilômetro 65, em Pelotas) é composta por diversas placas de alerta, Cruz de Santo André, limite de velocidade em 40km por hora e faixas na pista, são todas refletivas, portanto, visíveis aos condutores. Além disso, a ALL ressalta as operações educativas que são feitas no local.

Preocupada em evitar acidentes em cruzamentos com a linha férrea, a empresa diz adotar uma série de medidas preventivas, como o acionamento da buzina para alertar os motoristas 200 metros antes do cruzamento, além da velocidade reduzida do trem, que neste trecho oscila entre 30 e 50 quilômetros por hora.
Quanto ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a ALL e o Ministério Público, levantado pelo deputado federal Cláudio Diaz (PSDB) para a instalação de faixas refletivas em vagões, a empresa reforça que estudos desenvolvidos pela ferrovia comprovaram que tal dispositivo não apresenta resultado efetivo para redução de acidentes. Por essa razão, a composição que transportava por Pelotas, no domingo passado, não possuía faixas. Em grande parte dos acidentes, como o ocorrido no último dia 20, o motorista bate na locomotiva e não nos vagões.