O presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE/PR), Fernando Guimarães, defendeu ontem em audiência pública na Assembleia Legislativa, a despolitização da discussão sobre as concessões do pedágio no Estado. Segundo ele, o TCE, que em auditoria apontou que as tarifas do pedágio no trecho entre Guarapuava e Foz do Iguaçu da rodovia BR 277 deveriam ser 22,3% mais baixas, tem feito um trabalho de análise essencialmente técnica do assunto. A mesma auditoria apontou que ao comparar-se os investimentos feitos pela concessionária Ecocataratas, no trecho, com a receita, a arrecadação teria sido R$ 175 milhões a mais do que o devido.

Guimarães destacou que o pedágio precisa ser discutido como um assunto de Estado, sem politizar o tema, além de se considerar tecnicamente os imbróglios sobre as concessões. Segundo elei, o relatório parcial do TCE, que analisou o trecho da BR-277 entre Guarapuava e Foz do Iguaçu, foi escolhido para verificação por concentrar o maior número de praças de pedágio e de casos de acidentes com vítimas fatais. “Embora o relatório seja preliminar, temos que despolitizar a discussão e olhar sob o viés técnico. E neste sentido iniciamos este trabalho de verificação e levantamento de informações sobre o pedágio neste trecho como modelagem. Temos que tratar o assunto como sendo de Estado e não de governos”, afirmou.

Para o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, Joel Krüger, o envolvimento da sociedade é fundamental no debate já estabelecido por uma comissão tripartite, envolvendo o poder público, entidades de classe e concessionárias, com o intuito de exigir efetivos resultados de investimentos nas rodovias. “Que tenhamos neste ano, com ações da comissão tripartite, uma discussão efetiva do pedágio, que as rodovias sejam duplicadas e que as vidas sejam preservadas. E que as concessionárias cumpram sua função social”, defendeu.

O deputado Cleiton Kielse (PMDB) apontou que há uma desproporção entre a arrecadação das concessionárias com as praças de pedágio e os investimentos em melhorias nas rodovias, como no caso das duplicações. “Temos prejuízos econômicos e de vidas com os pedágios. Existe uma tratativa de falsas promessas de melhorias nas estradas. As concessionárias não fizeram nem 10% daquilo que prometeram”, disse.