OUTRO SUSTO: Motorista de ônibus dirigiu 40 horas com freios precários. Sua vida e dos passageiros foram salvas graças a área de escape na BR-376, no PR. Foto: Reprodução/Arteris Litoral Sul

Ônibus com 28 ocupantes ficou sem freios por negligência do proprietário que dirigia o coletivo. Ele também não respeitou o tempo de direção e está com o exame toxicológico vencido desde junho de 2021

A irresponsabilidade de dono de ônibus, que também dirigia o veículo, quase causou uma tragédia na BR-376 no Paraná. O veículo que vinha do Pará com 26 passageiros, inclusive duas crianças, tinha como destino o Sul do país. No coletivo estavam dois motoristas.

No trecho de descida da serra na BR-376, em Guaratuba (PR), apresentou problemas no sistema de freios e o motorista, conseguiu usar a área de escape no km 667 da rodovia. No momento da saída da pista ele estava a 130km/h e quase colide com um automóvel.

O veículo percorreu 80 metros na área de escape, segundo a concessionária Arteris Litoral Sul, responsável pela rodovia. O veículo foi apreendido pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por apresentar inúmeras irregularidades.

Ônibus rodou cerca de 2.800 quilômetros com problemas de freio

Após cuidar dos passageiros, os policiais identificaram que o freio do 3º eixo lado direito estava isolado (sem lona). O dono, cujas iniciais são F. C. F., alegou que isso ocorreu porque ele passou num buraco no estado do Maranhão, quando a borracha soltou e então ele a tirou. Portanto, rodou pelo menos 2.800 quilômetros nestas condições.

A PRF foi obrigada a remover o veículo o pátio por comprometer a segurança viária e não ter condições de trafegar. No mesmo local foi identificado que o cronotacógrafo, equipamento obrigatório e considerado a caixa preta do transporte rodoviário, estava sem o disco que registra velocidade, distância percorrida e tempo de direção.

Embora a verificação estivesse em dia, a retirada do disco é indício de má fé. O objetivo provavelmente seria esconder o desrespeito ao tempo de direção máximo e descanso obrigatório entre jornadas. Afinal, do Pará até o local da quase tragédia, foram cerca de 50 horas de viagem.

Foram aplicadas três autuações pela PRF: 1) Conduzir o veículo com equipamento obrigatório ineficiente ou inoperante (sistema de freios) 2) Conduzir o veículo com equipamento obrigatório em desacordo com o estabelecido pelo Contran (tacógrafo sem disco) e 3) Conduzir veículo de transporte de passageiros ou carga em desacordo c/ as condições do art 67-C CTB, justamente o que trata de tempo de direção.

Em fevereiro deste ano, na BR-153, o mesmo proprietário já tinha sido autuado pela PRF por conduzir o veículo com característica alterada.

Exame toxicológico do motorista vencido desde junho de 2021

Por fim, apesar de ainda não poder aplicar a multa por exame toxicológico vencido, graças a MP 1153/22 que adiou as autuações para 1º de julho de 2025, o motorista e dono do ônibus está com o seu exame periódico vencido desde de junho de 2021.

A nova versão da MP 1153 foi aprovada na Câmara na última quinta-feira e vai agora para discussão no Senado. Ela já corrige o adiamento da multa mas ainda pode sofrer alterações de senadores. Por enquanto o texto original está em vigor e os agentes de trânsito não podem autuar por falta do exame.

Outros casos recentes de ônibus na área de escape da mesma rodovia

No dia 15 deste mês, um ônibus com 23 passageiros fez uso do dispositivo de segurança e ninguém ficou ferido. Em outubro do ano passado, outro ônibus com 51 ocupantes, a maioria estudantes, também escapou ileso graças a essas áreas de escape da BR-376.
O SOS Estradas tem alertado de que é preciso apurar esses casos para entender as causas dessas situações de risco com veículos pesados. Procedimento que foi adotado exemplarmente pela PRF do Paraná no caso deste ônibus vindo do Pará.
Graças a esta postura da PRF, foi possível identificar um veículo que rodou cerca de 40 horas com problemas de freio. Portanto, não faltou freio e sim responsabilidade ao dono do ônibus que ainda é um condutor sob suspeita. Afinal, por que não realizou o exame toxicológico previsto em lei?
É sabido que o uso de drogas é comum entre condutores de veículos pesados para suportar longas jornadas. Quem saiu do Pará, tem problemas de freios no Maranhão e continua viagem pelo menos até o Paraná por 40 horas, tem o perfil de drogado.
Pelo menos demonstra claramente que ninguém deve contratar o seu transporte do Norte para o Sul do país em busca de uma nova vida. Quem o fizer poderá terminar no cemitério antes de chegar ao seu destino.