Pouco mais de uma semana depois de dizer que a última investigação sobre o pedágio feita pelos deputados terminou sob suspeita de cobrança de propina, o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), anunciou ontem, segunda-feira (8), a decisão de instalar uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as concessões de rodovias no Paraná. Rossoni acatou questionamento levantado pelo autor da proposta de CPI, deputado Nelson Luersen (PDT), apontando a nulidade da retirada da assinatura do deputado estadual licenciado Luiz Eduardo Cheida (PMDB), do requerimento de abertura da comissão.

Luersen apresentou o requerimento no final do ano passado, com 24 assinaturas, seis a mais do que as 18 necessárias para a instalação da comissão. Como haviam outras cinco CPIs em andamento, – a investigação do pedágio teve que entrar “na fila”.

Há duas semanas, Cheida e outros seis parlamentares – incluindo o próprio presidente da Assembleia – haviam pedido a retirada de suas assinaturas do requerimento, o que inviabilizava a instalação da CPI. Por conta disso, Rossoni havia determinado o arquivamento da CPI.

Luersen apontou então que quando pediu a retirada de sua assinatura, Cheida já estava licenciado da Assembleia, ocupando o cargo de secretário do Meio Ambiente. “Em vista de que o deputado Cheida continua no exercício do cargo de secretário, não tendo assumido o mandato de deputado (…) defiro o requerimento a fim de manter a assinatura”, anunciou ontem Rossoni.

No último dia 26, diante do questionamento de Luersen, o tucano reagiu levantando suspeitas contra a investigação feita pela Casa em 2003. “Cada final de CPI do Pedágio, o que ocorria nos corredores? ‘A comissão que investigou o pedágio ganhou propina para fazer aquele relatório ‘laranja’”, apontou Rossoni.

Interpretação — Ontem, o presidente da Assembleia alegou que sua “cautela” em relação à CPI do Pedágio teria sido mal interpretada. “Tivemos uma longa conversa para conduzirmos de forma responsável (a CPI) para não frustrar a opinião pública”, justificou. Rossoni admitiu ainda que a pressão popular pesou na decisão.
O presidente da Assembleia deu prazo de cinco dias para que os partidos indiquem os 9 membros da comissão. “Queremos instalar antes do recesso”, afirmou ele. (IS)