O fluxo de veículos aumenta 10% ao ano no principal corredor viário de Mato Grosso – BRs 163 e 364 – enquanto as obras para adaptação e manutenção dos trechos não seguem a mesma velocidade. O fato faz com que as vias sejam palco de muitos acidentes, grande parte envolvendo carretas, e ainda prejudica a logística estadual.

Importantes corredores de escoamento de grãos em Mato Grosso, as duas rodovias cortam o Estado de norte a sul e possuem mais de mil quilômetros de extensão, dos quais aproximadamente 380 quilômetros sobrepostos (de Rondonopólis ao posto Gil, na região médio-norte). Porém, poucos trechos duplicados, que estão localizados, principalmente, em áreas urbanas como as de Cuiabá e Várzea Grande. Entre as duas cidades, são pouco mais de 38 quilômetros de pista dupla.

Responsável pelas rodovias, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) possui algumas obras de duplicação em andamento em determinados pontos das BRs como, por exemplo, em Jaciara, Rondonópolis e entre Rosário Oeste e o posto Gil. Entretanto, já aquém da demanda das duas pistas, por onde trafegam diariamente entre 12 e 14 mil veículos, a maioria (70%) de carga pesada.

“A 163 e a 364 são as mais perigosas. No trecho onde estão sobrepostas, elas detêm 50% dos acidentes registrados no Estado”, informou o inspetor Alessandro Barbosa Dorileo, da Polícia Rodoviária Federal (PRF). O restante (50%) são divididos entre outras quatro rodovias (163, 070, 158 e 174).

Uma pista duplicada oferece maior segurança aos motoristas, já que torna mais difícil que dois veículos colidam frontalmente, o que é uma das causas mais frequentes de acidentes em estradas de pista simples.

“Desde quando entrei para a PRF, há 19 anos, ouço falar na duplicação das BRs entre Cuiabá e Rondonópolis. Mais, recentemente, do posto Gil até Rondonpoolis por conta da Copa de 2014, período em que teremos um aumento do fluxo de veículos trafegando pelas rodovias. Se fossem duplicadas, haveria uma redução considerável dos acidentes, especialmente, as colisões frontais que causam mais mortes”, frisou o inspetor. “Se concluírem os trechos já iniciados será uma vitória”, acrescentou.

O inspetor se refere a obras de duplicação em andamento Jaciara e Rondonópolis. “Em Rondonópolis iniciaram há quatro anos e não foi concluída, tem muita coisa para fazer”, afiançou. No local, segundo ele, ocorrem vários acidentes. Entre os dois municípios, são cerca de 9 quilômetros de duplicação.

Quem depende das rodovias para tirar o sustento da família reclama. “Falta acostamento. Quando tem, não é no mesmo nível do asfalto, tem saliências e acaba não servindo com escape”, disse o caminhoneiro Rubens Augustynczk, de 65 anos.

De Curitiba (PR), Rubens costuma viajar para Cuiabá de 15 em 15 dias e defende a duplicação da 163 e 364, por onde passa frequentemente. “Melhoria 100% as condições de trafegabilidade. Agora, tem uma obra em Jaciara que não avança, parece que está parada”, comentou. As pistas também têm poucos trechos de ultrapassagem.

Entretanto, pista duplicada permite o desenvolvimento de uma maior velocidade que, associada à imprudência e a precariedade das duas rodovias, tem tirado a vida de centenas de pessoas em todo o Estado.

Na Serra de São Vicente, por exemplo, um dos pontos onde as BRs se sobrepõem e são duplicadas, a PRF já verificou motoristas trafegando muito acima dos 60 quilômetros por hora, velocidade permitida no local. “Têm pessoas que descem a serra com o carro de 90 e até 120 quilômetros/hora”, citou o inspetor Alessandro Barbosa. Até por isso, ele defende a instalação de radares ao longo das rodovias para diminuir as imprudências.

De acordo com o Dnit, a BR-364 sai de Alto Araguaia até Rondonópolis, onde já sobrepõe com a 163. Do posto Gil segue por municípios como Diamantino, Campo Novo e Sapezal até chegar em Vilhena (RO). Já a 163, sai do Km Zero, na divisa de Mato Grosso do Sul (MS), até a divisa do Pará (PA). O trecho entre Cuiabá e Santarém (PA) é vislumbrado como alternativa logística para a exportação de grãos da região.