Devido a decisão judicial que determinou multa de R$ 5.000,00 para o caminhoneiro que não liberar a rodovia e R$ 50.000,00 para as entidades responsáveis muitos caminhoneiros começaram a liberar as rodovias em Minas, com bloqueios em alguns trechos desde domingo. Entretanto, vários caminhoneiros foram surpreendidos ao descobrir que os manifestantes cortaram as mangueiras das cuicas de freio e do ar dos caminhões, Faixas na beira da rodovia indicam uso político da paralisação.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a BR-381 já foi liberada em Perdões e Oliveira, na Região Centro-Oeste do estado, e em Igarapé, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os caminhoneiros também começaram a deixar trechos da BR-040, em Nova Lima e Ouro Preto e da BR-262, em Juatuba. Ainda há registro de lentidão nesses locais. Os patrulheiros informaram a imprensa que muitos caminhoneiros estavam sendo coagidos a ficarem parados.

Patrulheiros fortemente armados chegaram por volta das 6h30 à BR-381, em Igarapé, e deram três horas para que os caminhoneiros liberassem a rodovia. Quando perguntavam quem eram os líderes entre os manifestantes, ninguém se identificou como membro do sindicato. Eles explicaram que estavam cumprindo a liminar da juíza Anna Cristina e a liberação começou imediatamente. A ordem era para que eles deixassem o local até as 9h.

Nos locais de paralisação foram encontradas várias faixas pedindo a revogação da Lei 12.619/12 e pedindo a sanção sem vetos do projeto do deputado Jerônimo Goergen. A nova lei interessa aos embarcadores, donos da carga, em particular ao agronegócio. Muitos motoristas empregados estavam presos na estrada mas são contra a revogação da Lei 12.619/12 e reclamam que não há nenhuma faixa ou reinvidicação dos sindicatos envolvidos no aumento dos salários e melhores condições de trabalho dos motoristas empregados.

Por causa da greve, o congestionamento nas estradas mineiras chegou a 80 quilômetros. A não circulação dos veículos também começou a trazer prejuízos para a indústria e o comércio, além de causar o desabastecimento de alimentos e combustíveis. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo de Minas Gerais (Minaspetro), a entrega de combustível estava comprometida em Oliveira, Cláudio e Perdões, no Centro-Oeste de Minas Gerais e em Campo Belo, no Sul do estado. Em Belo Horizonte, não houve queixa de desabastecimento.

Os funcionários da fábrica da Fiat em Betim, Região Metropolitana de Belo Horizonte, completaram dois dias sem trabalhar na terça-feira. Caminhões da empresa com peças de carros ficaram presos no bloqueio, por isso, faltou material.

Em sua decisão, a juíza Anna Cristina Rocha Gonçalves lembrou, ao conceder a liminar, que a Constituição Federal estabelece direito à manifestação, porém, destacou os prejuízos causados pelo ato dos caminhoneiros. “Não é justo nem razoável a utilização abusiva desses direitos, extrapolando os limites do regular exercício do direito e impedindo o direito de ir e vir dos demais cidadãos usuários das vias públicas”, disse a magistrada.

Anna Cristina também citou os prejuízos que podem ser causados para outros veículos. “O perigo da demora evidencia-se diante da possibilidade da iminente ocorrência de danos aos usuários que transitam pela rodovia, haja vista que a limitação do espaço reservado ao tráfego de veículos e pessoas aumenta a exponencialmente o risco de acidentes”, concluiu.