Os acidentes nas estradas federais que cortam a região Sul Fluminense registraram um crescimento de 20% no total de vítimas fatais (e 11,11% no que diz respeito às ocorrências) nos seis primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram apresentados pelas delegacias da PRF (Polícia Rodoviária Federal) responsáveis pelo policiamento e fiscalização das rodovias Presidente Dutra (BR-116) e Lúcio Meira (Br-393).
O trecho da Via Dutra onde está localizada a Serra das Araras cuja pista de descida, segundo a PRF, concentra o maior número de acidentes e mortes das duas estradas federais que cortam a região. O segmento entre os quilômetros 252, em Piraí, e o 166, já no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade da 6ª delegacia da Polícia Rodoviária, em Piraí. Foram registrados 1.750 ocorrências até junho deste ano, contra 1.578 acidentes nos seis primeiros meses de 2010 – um aumento de 10,09%. Trinta e três pessoas entraram para as estatísticas fatais no ano passado, e em 2011 o número subiu para 44. Um aumento de 33% no número de mortos.
De acordo com o chefe de Policiamento e Fiscalização da 6ª delegacia, inspetor José Roberto Gonçalves de Lima Neto, só na pista de descida da serra são registrados mensalmente, em média, 33 acidentes – mais de um por dia, e a maioria envolvendo caminhões. Segundo o policial, o volume de veículos – aliado à imprudência – eleva consideravelmente o número de desastres.
– O número de acidentes envolvendo caminhões é elevado para a Serra. Apuramos que a maioria dos caminhoneiros não utiliza o freio motor, uma recomendação para descer o local com segurança. Eles preferem descer de “banguela” para economizar combustível. Ao final da descida eles têm uma economia de apenas R$ 4. O que não compensa, porque em apenas um deslize o motorista, principalmente dos caminhões carregados, pode perder o controle do veículo e sofrer um grave acidente – avaliou.
O inspetor disse ainda que, embora existam radares de controle de velocidade instalados na pista pela Nova Dutra (concessionária que administra a rodovia), os caminhoneiros abusam do excesso de velocidade. No entanto, não há como provar que os motoristas não usam o freio motor.
O inspetor falou também sobre o projeto de duplicação da pista de descida da serra, que mantém até hoje o traçado antigo e sinuoso projetado em 1951. Segundo ele, o projeto está na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) em fase de aprovação.
– É um projeto que irá mudar o traçado da descida da Serra das Araras, que é antigo. Mas é também um problema que vai além do projeto da via, de ser um bom ou mau motorista, é a falta de educação. Um acidente, além de morte, causa vários transtornos, como o fechamento da pista, por exemplo – disse.

Trecho entre Piraí e Resende

Já entre os quilômetros 252, em Arrozal (distrito de Piraí), e o 333, em Engenheiro Passos – distrito de Resende, na divisa com São Paulo -, sob responsabilidade da 9ª Delegacia da PRF (Resende), foram registrados este ano 899 acidentes, enquanto no ano passado foram registrados 822. O número de mortos – 22 – coincidentemente é o mesmo nos dois períodos.
O chefe do núcleo de Policiamento e Fiscalização da 9ª delegacia, Sérgio Luiz Ferreira, atribui o aumento da incidência de acidentes ao crescimento no volume de veículos que trafegam pela rodovia.
– Como é possível observar, houve um aumento de 8% no número de acidentes e redução de 16% no total de feridos. O consequente aumento no número de acidentes é definido basicamente pelo aumento anual da frota de veículos no Brasil – disse.
Diante do crescente número de acidentes, o inspetor afirma que a PRF realiza ações periodicamente a fim de mudar o quadro.
– A Polícia Rodoviária vem concentrando esforços para a redução de acidentes, principalmente nos momentos mais críticos da ocorrência desses eventos, que são os feriados prolongados, férias escolares e carnaval – afirmou o inspetor.

Lúcio Meira

Na Rodovia Lúcio Meira (BR-393), entre os quilômetros 295 – no entroncamento com a Via Dutra, em Barra Mansa -, e o 175, em Três Rios, o número de acidentes cresceu 15%. Foram registrados nesse trecho, até junho 511 acidentes, contra 44 em igual período em 2010. O número de mortos teve um aumento de 20%: dez pessoas morreram no ano passado, e 12 esse ano.
Para o chefe do núcleo de Policiamento e Fiscalização da 7ª delegacia da PRF, Marcus Vinícius Barbosa, são inúmeras as causas para o aumento na ocorrência de acidentes.
– O maior número de registros pode ser atribuído a causas diversas. No caso da BR-393, os acidentes se concentram na área urbana de Volta Redonda, envolvendo principalmente carros de passeio. Há relação direta com o aumento da frota só em Volta Redonda, onde houve um aumento de cerca de dez mil novos veículos de 2010 para 2011, porém indissociável da conduta dos motoristas. Os acidentes envolvem mais os veículos da própria cidade do que os viajantes, pois é comum a rotina levar a testar os próprios limites. Outros fatores preponderantes são o uso de bebidas alcoólicas por condutores e excesso de velocidade – pontuou o inspetor.
Segundo Marcus Vinícius, os acidentes mais graves ocorrem principalmente à noite e sob chuva.
– A chuva aumenta os riscos; não existe mágica, mas consciência. Não acredite em propaganda de pneus que dizem reduzir a velocidade sob chuva, aumente a distância dos outros veículos e acenda os faróis mesmo durante o dia. Evite dirigir à noite, mas se necessário redobre a atenção e tome precauções parecidas com o período de chuva – alertou.
O inspetor falou também sobre o trabalho da PRF para reduzir os índices de acidentes, além de crimes nas estradas federais.
– Temos atuação do serviço de inteligência e planejamento para otimizar os recursos e potencializar os efeitos da ações policiais. Também trabalhamos a integração com a sociedade e a conscientização efetuando palestras sobre cidadania, segurança pública e combate à corrupção, visando trazer o cidadão à participação efetiva neste processo – informou.