As péssimas condições de trafegabilidade da BR-174, que liga Boa Vista a Manaus (AM), levaram um grupo de caminhoneiros a interditar a rodovia, próximo ao município de Rorainópolis. E para averiguar a situação, a Comissão de Viação, Transportes e Obras da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), presidida pelo deputado Flamarion Portela (PTC), conferiu ‘in loco’ a manifestação pacífica. Os deputados Mecias de Jesus (PR) e Gabriel Picanço (PSB) também acompanharam as negociações. O bloqueio foi encerrado ao meio dia de ontem, sábado (6).

A preocupação são as enormes crateras na pista que ocasionam prejuízos incalculáveis aos motoristas e caminhoneiros que trafegam pelo local. É o que constata dezenas de trabalhadores que faziam parte do protesto desde a meia noite desta sexta-feira (5).

“Queremos chamar a atenção das autoridades pelo descaso conosco. Somos cidadãos e pagamos nossos impostos e temos o direito de trafegar pelas vias públicas com mais dignidade. Já perdi as contas de quantas cargas já foram danificadas pelos enormes buracos da BR 174. Não aguentamos mais”, desabafou a caminhoneira Sandra Ribeiro.

Segundo ela, a viagem é longa e cansativa, que tem de fazer com o marido, também caminhoneiro, todos os meses para o sustento da família. O percurso de Jundiá até Caracaraí, revela Sandra, chega a ser feito em 17 horas. “Isto é vergonhoso e o governo do estado precisa tomar uma providência urgente”, lamenta.

A reivindicação dos caminhoneiros é agilidade na operação tapa-buraco, medida paliativa, mas que a priori, vai minimizar a situação. Outra reivindicação dos trabalhadores é a melhoria no atendimento no posto de fiscalização da Secretaria da Fazenda (Sefaz), em Jundiá. “Somos humilhados e maltratados pelos fiscais”, admite Sandra. A reclamação também é sobre a quantidade de banheiros para atender a demanda.

“Apenas um para milhares de pessoas que passam por ali diariamente”, reclama. O fim do protesto e bloqueio da BR vai depender das negociações com o governador José de Anchieta Júnior (PSDB), conforme declarou o manifestante, Claudecir Morales. “Só vamos sair daqui depois de uma conversa com o governador. Ele precisa nos ouvir”, assegurou.

Flamarion acompanhou o manifesto e classificou como ‘vexatória’ as condições da via. “A situação vexatória em que se encontra a BR nos faz pensar o que foi feito com os mais de R$ 500 milhões destinados para a recuperação e ampliação da rodovia que o governo recebeu recentemente. O que foi feito com tanto dinheiro?”, indagou ao explicar que já foi liberado em cinco anos, R$ 1 bilhão para obras de manutenção e recuperação da BR-174.

A intenção de Portela é elaborar um relatório que será encaminhado ao governo do Estado, Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Ministério Público Federal e até a presidente Dilma Rousseff para explanar as condições da BR e a solução do problema.

Essa também é a intenção do deputado Mecias de Jesus. “Temos aqui pais de famílias que precisam trabalhar para sustentar seus filhos. É desumana essa deprimente situação. Fechar a estrada é paralisar a economia, atrapalhar o desenvolvimento de Roraima, mas isso é um mal necessário, pois se nada for feito, a situação vai ser ainda pior”, ressaltou.

Na mesma linha de raciocínio, Picanço também confirmou apoio à classe e disse que a economia do Estado perde com a paralisação da rodovia. “É ruim para a economia de Roraima que ainda é tão incipiente. Mas, em contrapartida, precisamos defender os interesses dessas pessoas que estão apenas cobrando um interesse coletivo. Esta situação não pode continuar assim e vamos fazer de tudo para solucionar esse impasse”, garantiu.

De Boa Vista, o deputado Brito Bezerra (PP) acionou a imprensa para chamar a atenção das autoridades públicas do Estado a respeito do bloqueio da rodovia. “O manifesto é legítimo, pois existem recursos para a recuperação da BR-174. Os desvios de recursos nas obras de rodovias por todo o Brasil tiveram repercussão nacional e a 174 faz parte desse escândalo que envergonha nosso Estado e prejudica nosso povo”, criticou.