DÉCADA DO TRÂNSITO: Segundo J. Pedro, a eleição que se avizinha oferece a rara oportunidade de “casar” o início de uma nova gestão municipal com o começo da II Década Mundial de Ações de Segurança no Trânsito que vai de 2021 a 2030. Foto: Divulgação

Por J. Pedro Correa *

Durante outubro e novembro o Brasil viverá um clima (in)tenso em razão das eleições municipais para prefeitos e vereadores. Ótima oportunidade de o brasileiro acertar suas contas com a responsabilidade cívica de exercer conscientemente o direito ao voto.

Se é verdade que a sociedade vive reclamando dos políticos, que tomam decisões em desacordo com a aparente vontade popular, não é menos verdade que foi esta mesa sociedade que fez estas escolhas nas últimas eleições. Agora, não podemos errar mais.

Todos nós compartilhamos as queixas de que trânsito não é prioridade neste país e isto tem sidoconfirmado repetidas vezes nos últimos tempos. Agora temos, pois, a oportunidade de fazer a escolha que pode fazer a diferença para o futuro das cidades e da própria nação brasileira.

A eleição que se avizinha oferece a rara oportunidade de “casar” o início de uma nova gestão municipal com o começo da II Década Mundial de Ações de Segurança no Trânsito que vai de 2021 a 2030.

Pelo andar da carruagem do governo federal, não parece razoável esperar que Brasília vá se alinhar à mobilização mundial proposta pela ONU e OMS de participar dos esforços para reduzir pela metade as vítimas dos acidentes de trânsito até 2030. Do mesmo jeito, não se espera que governos estaduais tomem medidas nesta mesma direção.

Assim, resta-nos esperar que a decisão de participar da marcha mundial pela segurança no trânsito venha dos municípios, onde, aliás, ela cabe perfeitamente. Quais são as chances de isto acontecer? São boas, principalmente nas cidades cujos candidatos tenham visão estratégica e consigam antever os bons resultados que podem colher mais à frente.

Argumentos importantes não faltam para eles. O prefeito que assume, não terá, possivelmente recursos para investir pesadamente no trânsito mas poderá usar o primeiro ano de mandato para fazer pequenas obras (e baratas), principalmente formar sua equipe e montar um consistente plano de ação para os próximos anos.

A partir do segundo ano, já poderá implementar as obras planejadas para até 2030. Se fizer bom trabalho, pode ser reeleito e, assim, assegurar mais quatro anos para continuar seu trabalho, o que garantirá praticamente a consecução da sua obra.

Importante lembrar que, na elaboração do seu plano municipal de segurança no trânsito, o prefeito busque os apoios da sociedade e do setor privado para seu programa, costurado durante a campanha ainda como candidato. Conseguir o suporte da sociedade local para um plano desses será fácil. Já envolver a iniciativa privada local numa mobilização deste tipo dependerá de um pouco de criatividade para conseguir os aportes dos representantes da indústria da segurança no trânsito da sua cidade ou região.

O quadro acima mostra alguns dos setores de negócios ligados ao trânsito, que podem ser convidados a apoiar um sólido programa municipal de segurança no trânsito. Se o programa for consistente e bem vendido, sem dúvida terá as adesões necessárias.

Já para as ações de campo, propriamente ditas, para montar o programa de redução de acidentes e fatalidades, recomendo aos candidatos e eleitos que sigam o modelo do Programa Vida no Trânsito que já existe em todas as capitais brasileiras e em algumas outras cidades pois seu desenho já provou ser eficaz e de custos mínimos. Em cinco capitais brasileiras, o programa já existe há 10 anos.

Se por ventura não houver o PVT na sua cidade, contate o comitê do programa da sua capital e certamente encontrará apoio. O Ministério da Saúde, através da Universidade Federal de Goiás, chegou a realizar um curso online para formar interessados pelo país afora.

O curso deve voltar em 2021, será online e gratuito. Aí está uma boa maneira de colocar sua cidade na Década Mundial de Ações no Trânsito com um toque totalmente local e com amplas possibilidades de êxito. Algumas cidades brasileiras estão muito perto de atingir a meta da OMS da 1ª Década Mundial que termina agora no fim deste ano.

Podem, assim, servir de modelos aos municípios que estejam precisando de informações. Agora, pois, é hora de ir às ruas, contatar candidatos a prefeitos e vereadores, comprometê-los com a causa e ajudá-los a viabilizar um bom programa municipal. Boa sorte!

(*) J. Pedro Correa é consultor em Programas de Trânsito