Editorial: Onde está a transparência das agências reguladoras e concessionárias de rodovias?
MUITO ESTRANHO: Aumentos de pedágio anunciados em cima da hora deixam a impressão de que tem algo por baixo do asfalto Foto: Divulgação

Será que há algo escondido por baixo do asfalto?

Como de hábito, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), assim como sua versão estadual ARTESP – Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo costuma fazer, anunciou aumento de tarifas de pedágio poucas horas antes de entrar em vigor.

Os aumentos estão previstos em contrato e datados. Portanto, caso a transparência fosse a prioridade das agências e das próprias concessionárias, esses aumentos seriam anunciados com bastante antecedência.

É preciso entender que quem circula nas rodovias não são apenas usuários, mas sim consumidores. Eles pagam pelo serviço por meio do pedágio, direta ou indiretamente. Além disso, grande parte da infraestrutura foi construída antes da concessão com os impostos pagos por todos. Portanto, os consumidores devem ser respeitados e informados adequadamente.

No caso de caminhoneiros e transportadores, aumentos anunciados de última hora afetam suas planilhas de custo e margem de lucratividade. No caso de hoje, cujo aumento beneficia a Arteris, mais especificamente a Autopista Fluminense, leia-se BR-101/RJ, a reunião que decidiu o aumento ocorreu dia 11. A ANTT divulgou somente pela manhã desta quarta-feira (19), no Diário Oficial, e o aumento entra em vigor horas depois.

Não é um caso isolado, mas um modus operandi que persiste há décadas e causa desgaste ao modelo de concessão. Dá a impressão de que existe algo por baixo do asfalto.

Está na hora de as concessionárias e agências reguladoras agirem com verdadeira transparência, ou então essa impressão poderá se transformar em certeza.

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