Nova União, na Grande BH, corre o risco de passar pelos mesmos transtornos que há 21 dias afligem Santa Luzia, Caeté e Sabará. O temor parte do prefeito Moacir de Figueiredo, que por conta própria descobriu que a ponte no Rio Vermelho, no km 412 da BR-381, no distrito de Nova Aparecida, a 42 quilômetros de estrutura interditada no Rio das Velhas, está abalada. Nessa terça-feira, com um engenheiro da Secretaria Municipal de Obras, voltou ao local e mostrou que uma das estacas que suportam o bloco de sustentação de uma das colunas da ponte está separada da estrutura por um vão livre de cerca de 15 centímetros. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) foi comunicado sobre os danos e informou que o problema já é conhecido e está em análise.

“O objetivo é fazer com que o Dnit avalie a ponte e nos dê segurança de que o trânsito continuará fluindo por aqui com segurança”, afirma Figueiredo. Ele não tem dúvidas de que, se a ponte for interditada, como ocorreu com a estrutura no Rio das Velhas, no km 454 da BR-381, em Sabará, Nova União não consiguirá absorver sequer parte do tráfego.

“Isso vai trazer grandes transtornos para a cidade. Já temos esta experiência em casos de acidentes, quando a pista é fechada e os veículos passam por dentro da cidade. Vai virar um caos”, antevê o prefeito. Em caso de uma interdição, há a possibilidade de um desvio de três quilômetros, em estrada de terra, pela comunidade de Papagaio, até o distrito de Nova Aparecida, às margens da BR-381.

Em análise preliminar, o engenheiro Antônio Carlos Maciel avalia que a situação ainda não é crítica, mas alerta para a fadiga causada pela perda de uma estaca. “O projeto previa um determinado peso para cada estaca. Como uma delas está solta, não está sustentando nada, a fadiga nas outras duas pode sobrecarregá-las”, afirma o especialista.

Excesso

Na parte central da ponte, duas vigas sustentam o tabuleiro da estrutura, tendo como base a calha do rio. Cada bloco de sustentação de viga é apoiado em três estacas. Em uma das composições, as estacas estão submersas e somente uma sondagem mais detalhada pode apontar possíveis danos. A estaca solta está à mostra, acima do espelho d’água. Nesse mesmo bloco, há outra estaca muito inclinada, mas o engenheiro não soube informar se isso faz parte do projeto de construção ou se ocorreu devido ao excesso de peso. “Hoje, esse recurso (instalar a estaca inclinada) não é mais usado, mas antigamente era comum”, explica Maciel. A ponte do Rio Vermelho foi construída em 1959. Há alguns anos ela foi ampliada, o que aumentou a largura da pista. De acordo com o engenheiro, um prolongamento das estacas avança para dentro do bloco de concreto. “Não dá para entender como ela ficou solta, completamente separada”, afirma.

O peso que a ponte suporta fica claro quando se está embaixo da estrutura. Caminhões carregados cruzam os 74 metros de comprimento da obra e fazem tremer o chão. Quando se está sobre uma das bases de concreto, a vibração é ainda maior. Além do problema apontado pelo prefeito, a parte inferior do tabuleiro antigo apresenta várias ferragens expostas. Além disso, a passagem de pedestres está deteriorada, com grades de proteção quebradas e piso descontínuo.

“Estou fazendo minha parte. Cabe a cada órgão do poder público cumprir o seu papel”, diz, cobrando uma atuação mais ativa do Dnit. Na quinta-feira, em uma audiência sobre a duplicação da BR-381, o prefeito levantou o assunto e apresentou fotos dos danos na ponte.