O somatório de mortos e feridos nas rodovias estaduais de 13 estados e mais o total registrado nas rodovias federais, revelam que pelo menos 154 pessoas morreram no feriado de Finados nas rodovias brasileiras e 1.866 ficaram feridas
Tragédia anunciada
Comparando os 4 dias de operação de Finados nas rodovias federais de 2018 com 2020, os acidentes aumentaram 26% passando de 682 para 858. Os feridos foram de 852 para 1064, incremento de 25%. Já os mortos passaram de 59 em 2018 para 86 em 2020, o que significa crescimento de 45%.
A comparação com o feriado de 2018 se justifica porque também foram quatro dias de operação da PRF nas rodovias federais. Em 2019 foram somente três.
Nas rodovias paulistas foram 642 acidentes com 20 mortos e 355 feridos. Em Minas Gerais nas estaduais foram 11 mortos e 90 feridos. São 120 mortos e 1.509 feridos somente no somatório de rodovias federais e estaduais de Minas Gerais e São Paulo.
Somando os dados de mais 11 estados disponíveis até o momento (PR,RJ,SC,RS,BA,CE,SE,MS,PB,AL,MT) atingimos mais 34 mortos e 357 feridos. O somatório de vítimas nas rodovias estaduais de 13 unidades da federação, mais o total da das rodovias federais, elevam o total de mortos para 154 e os feridos para 1.866 .
Ainda faltam dados de 14 unidades da federação
Além da falta de padronização nos estados, que muitas vezes gera sub notificação, ainda temos a lentidão ou até mesmo nenhuma apuração feita pelas polícias rodoviárias de 14 estados, inclusive o Distrito Federal.
Portanto, mais uma vez nossa previsão de 150 mortos no total das rodovias brasileiras e 1.600 feridos foi superada. O que lamentamos profundamente.
Tudo isso em período de pandemia, com menos movimento nas estradas que o normal. Os pontos de parada nas rodovias ainda tem movimento abaixo de 70% do registrado no mesmo período do ano passado, conforme apuramos com os proprietários desses locais. Neles motoristas costumam parar para abastecimento, alimentação e outras necessidades.
Resolução Mortal contribuirá para impunidade e mais mortes
Esse balanço mortal ocorre justamente no primeiro feriado em que passaram a vigorar as medidas da Resolução 798 do Contran que obriga as polícias rodoviárias a informarem os locais onde poderão fiscalizar velocidade com os radares portáteis. Não há estudo que justifique a medida e que demonstre seu benefício para a segurança viária.
No caso das federais são apenas 5.000 km onde isso pode ocorrer em 70 mil km. Com essa informação disponível, qualquer condutor já sabe de antemão onde pode dirigir a toda velocidade com a garantia da impunidade.
Num país em que somente em 2019 foram pagas 40 mil indenizações por mortes no trânsito e 230 mil por invalidez permanente através do DPVAT, fica a pergunta: De que forma essa medida contribui para poupar vidas? Resposta: Nenhuma.
Está na hora da sociedade cobrar a responsabilidade de quem toma medidas absurdas que colocam vidas em risco. Porque enquanto as famílias choram seus mortos esses agentes públicos fazem contabilidade de vítimas e as transformam em meros gráficos.
Rodolfo Rizzotto – Coordenador do SOS Estradas
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