Moradores da região do Butantã e da Vila Sônia pretendem pedir uma audiência com o secretário estadual de Transportes, Saulo de Castro Abreu Filho, para discutir o projeto de duplicação de trecho de 20 quilômetros da Rodovia Raposo Tavares entre São Paulo e Cotia e a instalação de um monotrilho sobre o canteiro central.

Membro da diretoria do Movimento Defenda São Paulo e do Conselho Gestor do Parque Previdência, Sérgio Reze Junior, ficou perplexo com a notícia, publicada hoje pelo jornal O Estado de S.Paulo. “Como um projeto dessa magnitude vem a público sem que a população do entorno seja consultada?”, questionou. O projeto, proposto pela CCR, concessionária que administra a rodovia, deve custar R$ 1,5 bilhão e estaria em análise pela Agência Reguladora de Transportes (Artesp).

Ros Mari Zenha, conselheira da Macrorregião Oeste (Butantã, Lapa e Pinheiros) do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Cades), órgão da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, avalia que o projeto está completamente desconectado da realidade da região. De acordo com ela, em nenhum momento a proposta foi apresentada aos moradores. “Estamos exatamente no momento de avaliação e discussão da Operação Urbana Vila Sônia, e ficamos surpresos com a notícia sobre esse projeto”, disse ela, que pretende cobrar esclarecimentos do secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem.

O projeto prevê a cobrança de pedágio para uso da Raposo Tavares, que passaria a ter seis pistas em cada lado da rodovia. Para bancar as obras, a CCR propõe a ampliação em dez anos do prazo de concessão da estrada, que deve terminar em 2023. “Esse trecho da Raposo Tavares já está tão urbanizado que funciona praticamente como uma avenida da cidade. Como as residências e áreas comerciais da região serão desapropriadas? Isso me parece uma insanidade”, criticou Reze.

Ros Mari Zenha lembrou ainda que a proposta tomaria grande parte do Parque Previdência. “Este projeto me parece que possui uma visão muito equivocada sobre o planejamento da nossa cidade”, afirmou. Para Reze, a proposta privilegia o transporte individual, em detrimento do público. “Que tipo de estímulo as pessoas teriam para usar o transporte público com seis pistas de cada lado da rodovia? Qualquer projeto na região deveria privilegiar o pedestre, e não o carro. A implantação de corredores de ônibus na rodovia seria uma intervenção muito mais barata e rápida”, afirmou.

Procurada, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) negou ter recebido qualquer estudo da CCR sobre a duplicação da Raposo Tavares. A Artesp esclareceu ainda que o trecho da rodovia entre São Paulo e Cotia é de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER), e não da CCR.