Nem só com motoristas imprudentes se faz o índice de violência no trânsito de Natal. Muitas vezes, os acidentes são decorrentes de descuido ou pressa de pedestres, que também desrespeitam as leis de trânsito. Este ano, de janeiro até a quinta-feira, dia 2 de junho, a Polícia Rodoviária Federal registrou doze atropelamentos somente no trecho da BR-101, entre as passarelas de Potilândia e o Posto Dudu, em Parnamirim, onde em teoria os equipamentos deveriam – se usados pela população – evitar tais ocorrências. Os atropelamentos resultaram em doze feridos e quatro mortes. O número de acidentes é 40% do total registrado no mesmo perímetro no ano passado (31), mas com o dobro de mortes.
Rodrigo SenaMesmo aumentando a quantidade de passarelas instaladas, número de atropelamentos não cai na BR-101Mesmo aumentando a quantidade de passarelas instaladas, número de atropelamentos não cai na BR-101
Apesar do aumento no número de passarelas instaladas no trecho da BR-101, seis no total, os acidentes não apresentam queda. Em 2009, no trecho citado foram 23 acidentes contra treze registrados em 2006, de acordo com levantamento da Polícia Rodoviária Federal.
E não é difícil descobrir o porque de tantas colisões envolvendo veículos e pedestres no entorno desses equipamentos. Durante os cerca de 30 minutos que a TRIBUNA DO NORTE esteve nas proximidades da Passarela da Igreja Universal, na avenida Salgado Filho, no fim da tarde da última sexta-feira , dezenas de pessoas se aventuravam entre os veículos que trafegavam no horário de pico, em alta velocidade. Como os auxiliares de cozinha Ricardo Guimarães, 22 anos, e Rodolfo da Silva Lima, 24 anos, que embora admitam ser o correto atravessar a via pela a passarela, preferem diariamente, no trajeto para o trabalho, se arriscar ao fim da grade de proteção instalada no canteiro central. “O correto é a passarela, mas fica muito distante. É melhor cortar caminho e ganhar tempo”, disse Ricardo Guimarães. “É só olhar pros dois lados e está seguro (sic)”, acrescentou o colega.
Após esperar mais de 15 minutos o melhor momento de travessia, no cruzamento das avenidas Salgado Filho com a Miguel Castro, a recepcionista Maria da Guia de Oliveira, 32 anos, chegou do outro lado. O percurso não é o habitual, segundo ela, mas mais confiável que se submeter a insegurança no equipamento. “De todo jeito estou correndo risco. Se venho por aqui (via), corro risco de ser atropelada. Se vou por lá (passarela) posso ser assaltada. Por aqui (via) ao menos é mais rápido, apesar de esperar muito tempo para passar”, justificou.
O ambulante Arnaldo da Silva, que vende balas próximo ao acesso à passarela, disse que é comum, sobretudo nos horários de saída de alunos de um colégio próximo, freadas bruscas e pequenos atropelamentos no local. “Tem a passarela, mas muita gente prefere chegar no ponto de ônibus logo e vai mesmo. È preciso cuidado dobrado dos motoristas”, disse.
Levantamento da Polícia Rodoviária Federal aponta ainda que os acidentes são mais frequentes no entorno das passarelas de Potilândia (Km 94,5), do Natal Shopping (Km 95,8), de Neópolis (Km 97,5) e de Cidade Satélite.
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