Levantamento realizado pela PRF, somente em cinco acidentes com veículos adulterados resultaram em 40 mortes

Operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), que cumpriu 15 mandados de prisão e 21 de busca e apreensão no Espírito Santo, Bahia e Minas Geraisfoi deflagrada hoje, 21 de novembro, para desarticular uma quadrilha que falsificava documentos de carretas para que circulassem com excesso de peso.

A operação, batizada de “Raptores”, conta com o trabalho de 100 policiais rodoviários federais no Espírito Santo e 50 nos outros estados.

A investigação mostrou que a quadrilha praticava várias irregularidades: adulteração irregular em veículos de carga (inserção de eixo, ampliação ou redução do chassi), transformações e alterações cadastrais de veículos no RENAVAM, retirada de restrição administrativa e/ou judicial sem devida vistoria, supressão de restrição de grande monta, comércio de Certificado de Registro de Veículo para legalizar veículos com restrição judicial ou de roubo/furto, adulteração de elementos de identificação veicular etc.

Assim, além de possibilitar o comércio de veículos furtados/roubado, o esquema aumentava a capacidade de carga dos veículos de forma ilegal e sem passar por critérios e exigências técnicas dos órgãos de fiscalização levando risco para a estrada. Essas alterações afetavam partes importantes dos veículos como freios, pneus e eixos.

A quadrilha usava eixos e peças de carretas já envolvidas em acidentes, desgastadas e com problemas estruturais irreversíveis, para fazer as adulterações. Documentos de um reboque de carro de passeio foram usados para fazer a adulteração para que servisse em uma carreta.

Os envolvidos contavam com a ajuda de funcionários do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) em Minas Gerais e na Bahia, que tinham uma tabela de preço para cada serviço, desde a adulteração de dados no sistema e fornecimento de documentos falsificados.

Mais de 570 carretas alteradas por essa quadrilha foram identificadas, destas 128 com alterações / adulterações feitas na Bahia e 368 em Minas Gerais. A PRF registrou no Espírito Santo 1.264 acidentes com esses veículos adulterados, resultando na morte de 123 pessoas.

Entre os acidentes está o maior da história do Espírito Santo, que matou 23 pessoas na BR-101, em Guarapari. Ocorrido na madrugada do dia 22 de julho de 2017, na BR 101 em Guarapari, a tragédia envolveu duas ambulâncias, uma carreta carregada de pedras e um ônibus de viagem que, na colisão, pegou fogo e ficou completamente destruído. O levantamento preliminar da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na época já apontava que uma falha mecânica na carreta que carregava toneladas de pedras – possivelmente a quebra de algum dos eixos – teria provocado o acidente.

Fonte: www.prf.gov.br/agencia