Ministério Público Federal (MPF) cobra da concessionária, desde março deste ano, providências acerca da má-conservação de trechos da BR-153 e BR-060, em Goiás
O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou, nessa segunda-feira (11), ação civil pública com pedido de tutela de urgência para que a Justiça Federal (JF) determine a suspensão do aumento abusivo dos pedágios, sob administração da concessionária Triunfo Concebra, em Goiás.
Segundo o documento, o acréscimo teve autorização indevida da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). O MPF também pede a comprovação do cumprimento das obrigações contratuais assumidas pela concessionária no sistema rodoviário BR-060/153/262/DF/GO/MG.
Desde março deste ano, o MPF já vinha cobrando da Triunfo Concebra providências acerca da má-conservação de trechos da BR-153 e BR-060, em Goiás, que poderiam estar provocando acidentes graves, inclusive com vítimas fatais. Na ocasião, a procuradora da República Mariane Guimarães de Mello Oliveira solicitou que a empresa apresentasse um cronograma de obras de conservação e reparos dos trechos das rodovias.
Além disso, o MPF passou a verificar o cumprimento de cláusulas obrigacionais contidas no contrato firmado entre a Triunfo Concebra e a ANTT, especialmente no 2º Termo Aditivo ao Contrato de concessão, celebrado em fevereiro deste ano, que aditou o contrato anterior até que fosse feita uma nova licitação.
De acordo com a ação dos procuradores da República, Hélio Telho Corrêa Filho e Mariane Guimarães de Mello Oliveira, que tem caráter de urgência, a empresa tem que suspender o reajuste das tarifas. Indo além, requerem que a JF determine que a empresa apresente, em juízo, os relatórios de prestação dos serviços de manutenção, conservação, operação, monitoração e de execução dos investimentos essenciais enumerados no termo.
Ainda conforme a ação, os procuradores também pedem que a ANTT fiscalize mensalmente o cumprimento das obrigações assumidas pela concessionária; e que a agência reguladora promova imediatamente novo processo licitatório para concessão do complexo rodoviário.
Esquema criminoso
Em abril de 2019, a Polícia Federal e o MPF, com o apoio do Tribunal de Contas da União (TCU), deflagraram a Operação Infinita Highway, cujo alvo foi um suposto esquema criminoso para superfaturar tarifas de pedágio nas rodovias federais nos estados da Bahia, de Goiás e do Espírito Santo.
De acordo com o procurador da República, Helio Telho, que atuou no caso ao lado de outros procuradores, as investigações demonstraram que as concessionárias (entre elas, a Triunfo Concebra) contratavam a emissão de laudos fraudulentos atestando a qualidade das rodovias e, com isso, não sofriam redução da tarifa. Dessa forma, as empresas levavam vantagem financeira indevida e era o consumidor que pagava o preço.
Segundo informações do TCU, mesmo transcorridos nove anos do início da execução do Contrato de Concessão da Triunfo Concebra, a maior parte das metas de investimentos estabelecidas para a concessionária não foi atingida.
Tarifas absurdas
Em fevereiro deste ano, após a celebração do 2º Termo Aditivo ao Contrato de Concessão, apurou-se que a concessionária obteve o reajuste das tarifas de pedágio naqueles locais em cifras absurdas e, paradoxalmente, a suspensão de algumas obrigações de investimentos a serem realizados nas rodovias. “Apesar de os reajustes de tarifas de pedágios praticados, por vezes em mais de 100%, e das obrigações de investimento, a concessionária não realizou nenhuma melhoria relevante na qualidade dos serviços prestados. A má qualidade do serviço e a condição precária das rodovias são fatos notórios e a ocorrência de graves acidentes devido à precariedade do estado da pista é notícia corriqueira na imprensa local”, frisou a procuradora.
Por fim, o MPF conclui que a autorização concedida pela ANTT à Triunfo Concebra para o aumento das tarifas de pedágio é totalmente discrepante em relação ao que foi levantado na Operação Infinita Highway e à qualidade do serviço público prestado pela concessionária, que ficou muito aquém da remuneração por ela percebida.
Íntegra da ACP (Autos 1030688-64.2022.4.01.3500 – 8ª Vara da Justiça Federal em Goiás).
Com informações da Ascom do MPF
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