Estradas apurou que tanto o causador do sinistro quanto o que foi atingido (Trans Turismo 2000) não estão autorizados a realizarem viagens interestaduais. Ambos veículos têm diversas multas
O transporte de passageiros no Brasil está sem controle e cresce o número de acidentes (sinistros) dia após dia.
Não bastasse a falta de fiscalização no transporte de passageiros nas rodovias de todo o País, agora, é o serviço desenvolvido pelas agências reguladoras, entre elas a ANTT e a Artesp, que estão deixando a desejar.
O Estradas vem alertando o poder público e a sociedade há anos sobre esses fatos que têm causado grandes transtornos aos usuários, além, é claro, das consequências que tais falhas acarretam: perdas de vidas humanas.
Na manhã desse domingo (14), outro sinistro chamou a atenção do Estradas. Minutos após a reportagem tomar ciência da ocorrência, as equipes iniciaram as apurações.
De imediato, a reportagem entrou em contato com o proprietário do ônibus Mercedes-Benz, que causou o choque contra três veículos (carreta e 2 ônibus) que estavam estacionados no pátio do Posto Concha de Ouro, no km 146 da Via Anhanguera (SP-330).
Segundo o dono do veículo, que se identificou apenas como Everton, “o motorista entrou no posto em uma velocidade acima do que deveria e o veículo não parou, então ele acabou chocando contra a carreta e o outro ônibus. O motorista quebrou uma costela e teve passageiro que quebrou a perna, mas graças a Deus, não morreu ninguém“, desabafou.
Everton disse ainda que ele só tem esse veículo, e que o trajeto era Castelo do Piauí (PI) a São Paulo (SP).
Sem autorização de viagem
Numa outra apuração, a reportagem descobriu que os dois ônibus citado, tanto o Mercedes-Benz quanto o Volvo, da Trans Turismo 2000, não têm cadastro na ANTT. (ver imagens). Portanto, eles não podiam realizar essas viagens interestaduais.
Era o caso da viagem de Castelo do Piauí (PI) a São Paulo (SP), que o proprietário informou que estava realizando com o ônibus que causou o sinistro (acidente). A viagem era clandestina, uma vez que o veículo não tem o registro nem tampouco a autorização da ANTT.
Os motoristas também estariam trabalhando com excesso de jornada, sem o descanso previsto em lei.
Multas do ônibus da Trans Turismo 2000 que foi atingido
O Estradas também apurou que o veículo atingido, o Volvo da Trans Turismo 2000, tem diversas multas, a maioria por excesso de velocidade, aplicadas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e pelo DER de São Paulo. Além disso, a reportagem descobriu que o ônibus também fazia viagem clandestina, porque não tem cadastro na ANTT.
Há indícios ainda de que o outro ônibus envolvido, na sucessão de choques, que aparece no vídeo, de cor branco, também é clandestino. Não aparece nada que identifique a empresa, mas era visível que tinha passageiros a bordo, quando recebeu a batida de leve na traseira, provocado pelo ônibus que causou o sinistro.
Diante dos fatos, o Estradas manteve contato com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para saber se o veículo estava regularizado. Por meio de sua assessoria de imprensa, a ANTT enviou a seguinte resposta: “A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) lamenta e expressa solidariedade aos familiares das vítimas do acidente envolvendo dois ônibus neste domingo (14/4) na SP-330, em Limeira. A Agência esclarece que o veículo de placa CPN7F49 não é habilitado para o transporte interestadual de passageiros. Portanto, a viagem era irregular, já que a empresa não tinha licença para esse serviço. O veículo não possui Certificado de Segurança Veicular (CSV) e tacógrafo válidos.”
ANTT passa informação equivocada
Corriqueiramente, quando o Estradas mantém contato com os órgãos responsáveis, seja polícia ou agência reguladora de Transporte, uma sondagem já foi feita para identificar eventuais irregularidades. Foi o que ocorreu com esse sinistro da Via Anhanguera. A reportagem já tinha ciência de que os cronotacógrafos de dois dos quatro veículos comerciais envolvidos no acidente estavam válidos, que era o do ônibus que causou a batida e do ônibus atingido na traseira, da Trans Turismo 2000.
Entretanto, a resposta da ANTT informou que “o veículo [que causou o acidente] não possui Certificado de Segurança Veicular (CSV) e tacógrafo válidos”.
Como pode ser constatado na imagem abaixo, o Mercedes-Benz, modelo Marcopolo Paradiso R, ano 2006, que consta como proprietária Gilmara Alves Moreira – ME, tem o equipamento VÁLIDO até 05/01/2025.
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