TRAGÉDIA: Todos os anos morrem, em média, 260 pessoas em acidentes registrados na BR-381, em Minas Gerais. A estatística é do Painel CNT de Consultas de Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, que contabilizou 3.221 mortes na rodovia em mais de 36 mil acidentes, nos últimos 12 anos. Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros/MG

Na semana passada, novamente a pista foi palco de uma tragédia, após um ônibus de turismo cair de um viaduto e deixar 19 mortos. A situação expôs a falta de investimentos na BR, que é considerada extremamente perigosa e ultrapassada por especialistas, ganhando o apelido de ‘rodovia da morte’. Desde 2014, o governo federal só entregou 16% das obras de duplicação entre BH e Governador Valadares

Todos os anos morrem, em média, 260 pessoas em acidentes registrados na BR-381, em Minas Gerais. A estatística é do Painel CNT de Consultas de Dinâmicas de Acidentes Rodoviários, que contabilizou 3.221 mortes na rodovia em mais de 36 mil acidentes, nos últimos 12 anos. Os números justificam o triste título recebido pela 381 de “rodovia da morte”.

Na semana passada, mais uma tragédia entrou para o histórico da BR: ao menos 19 pessoas morreram após um ônibus cair de um viaduto em João Monlevade, na região Central do estado. O local do acidente faz parte do trecho mais perigoso da pista, que vai de Monlevade à cidade de Nova Era. Nessa região, a rodovia possui 28 curvas acentuadas em 16 quilômetros de pista simples.

Construída na década de 1950, a BR-381 em Minas é o principal acesso dos mineiros ao Espírito Santo. A pista é considerada por especialistas como ultrapassada e, por isso, necessita urgentemente de duplicação. O engenheiro e consultor em transporte e trânsito Osias Baptista afirma que o desenho da rodovia e a falta de investimentos em melhorias aumentam as chances de tragédias. Como é o caso do trecho onde aconteceu o acidente em João Monlevade.

“Hoje, o conceito é que se façam rodovias que perdoam, ou seja, que um erro do motorista não vai resultar na sua morte e na morte de mais algumas pessoas. Esse trecho não tem esse conceito. É um trecho de curvas, sinuoso, é uma descida muito forte. Então qualquer erro que possa acontecer de motorista dormindo, de motorista desatento, de uma pessoa que tenta uma ultrapassagem indevida, ou seja, qualquer coisa que o veículo sai um pouquinho da pista, ele tomba. E essas coisas matam muito”, alerta.

A duplicação da rodovia é uma promessa feita por inúmeros governantes há mais de 30 anos, porém muito pouco saiu do papel. Por ser uma pista federal, as obras estão a cargo do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Pelo projeto, que foi iniciado em 2014, a duplicação deve ser feita em todos os 303 quilômetros entre BH e Governador Valadares. Atualmente, apenas 49,7 quilômetros da 381 foram duplicados em seis anos de obras, após inúmeros atrasos e paralisações.

Pelo projeto, as obras estão divididas em 11 lotes e tinham uma previsão de custo de R$ 5 bilhões. Desses, três já foram concluídos, um está em andamento e outros sete ainda serão licitados, segundo o DNIT, e devem ser cedidos à iniciativa privada.

Na avaliação do doutor em Planejamento de Transportes e Logística e professor da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende, as obras de duplicação não são complexas, o que falta é interesse político e investimentos. Diante disso, ele defende a privatização para solucionar os problemas.

“Não vejo nenhum outro caminho a não ser esse, porque a União não tem a menor condição de fazer investimentos, principalmente depois do que vivemos agora, na pandemia. Então a única forma é o investidor privado, mas esse investidor privado tem condições de resolver os problemas de uma vez por todas. Lembrando, ‘não tem almoço de graça’, então vai ter cobrança de pedágio. Mas eu acho que qualquer usuário da rodovia não se importaria em pagar o pedágio, tendo a certeza de que vai chegar em casa”, defende.

Procurado, o Ministério da Infraestrutura, que é responsável pelo DNIT, disse que todos os trechos duplicados da BR-381, até agora, foram entregues pela atual gestão. A pasta confirmou que sete lotes ainda não passaram por obras de duplicação, porque esses trechos vão entrar no programa de concessão desenvolvido pelo governo federal, mas que ainda não tem data. São previstos investimentos de quase R$ 8 bilhões durante o período de concessão.

Fonte: Rádio CBN

Comentários encerrados