O fluxo de veículos nas estradas com pedágios do Brasil cresceu 2,6% em junho na comparação com maio, já descontados os efeitos sazonais, segundo dados divulgados hoje pela Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), compilados pela Tendências Consultoria Integrada. Esta expansão foi determinada basicamente pelo aumento de 4,2% na passagem dos veículos leves pelas praças de pedágios do País em junho, já que a movimentação dos veículos pesados fechou o mês com uma pequena queda de 0,5%, na mesma base de comparação.
O fluxo de veículos dá pistas sobre a situação econômica do País. O movimento de veículos leves (de passeio) é um indicativo do nível de renda da população, enquanto o fluxo de veículos pesados (cargas), sinaliza o nível de atividade de setores como a indústria.
“O resultado foi puxado pelo desempenho expressivo dos leves, que reflete um mercado de trabalho forte e renda em alta que sustentam o consumo, incluindo também viagens e deslocamentos”, diz Alessandra Ribeiro, economista da Tendências. Ela lembra que a renda real cresceu 1,2% em maio em relação a abril, conforme dado da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dessazonalizado pela Tendências. Já a ocupação, nos mesmos termos, aumentou 0,3%. “Esses dois fatores têm impacto direto na movimentação dos leves que responde ao ritmo aquecido do mercado de trabalho, que significa novos postos de trabalho sendo criados e renda em alta”, afirma.
A economista acrescenta que, de janeiro até maio, a inflação passou por choques impulsionados pela alta dos preços de combustíveis e alimentos. “Em junho, houve acomodação, com a devolução desses choques, o que impulsionou a renda real, explicando o resultado dos leves. Porém, a partir de agosto, a inflação voltará a ficar mais expressiva”, diz Alessandra. Na sua avaliação, a inflação fechará o ano em 6,6%, ou seja, acima do teto da meta, que é de 6,5%.
Quanto à queda de 0,5% no fluxo dos pesados, a economista a associa à falta de tendência de retomada clara da indústria. “O dado de junho vem em linha com o cenário observado desde meados do ano passado, sem tendência clara de retomada do crescimento da indústria”, segundo a economista. Ela avalia, ainda, viés negativo para a próxima estatística. “A previsão da Tendências é de queda de 0,2% da produção industrial em junho contra maio”, afirma.
Outros meses
Em maio, o total de veículos que passaram pelas estradas com pedágio havia recuado 1,4% na comparação com abril, já livres dos efeitos sazonais. Na mesma comparação a circulação dos leves caiu 3,5%, enquanto os pesados cresceram 1,3%. Na comparação com junho do ano passado, o fluxo total de veículos pelas estradas com pedágios cresceu 10,2%. Na mesma comparação, o fluxo dos leves cresceu 11% e a circulação dos pesados expandiu 7,9%. O acumulado nos últimos 12 meses encerrados em junho mostra uma expansão de 9,1% no fluxo total de veículos, elevação de 8,9% dos leves e crescimento de 9,7% dos pesados.
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