Ada Colau, de centro-esquerda, vai na contramão da nova presidente da região de Madrid, que acha que o trânsito é “parte da identidade” da capital espanhola
A prefeita de Barcelona, na Espanha, Ada Colau, anunciou na semana passada que considera implementar um pedágio automático em regiões centrais da cidade para diminuir os índices de trânsito e de poluição da segunda maior metrópole do país depois da capital, Madrid.
De acordo com Ada Colau, do partido de centro-esquerda Barcelona en Comú, a ideia é se inspirar nos modelos que já estão em vigor em outras cidades europeias, como Londres, na Inglaterra, e Estocolmo, na Suécia, para taxar os motoristas em Barcelona ainda neste ano. A cidade costeira possui 1,6 milhão de habitantes e já vai restringir veículos antigos e mais poluentes a partir de janeiro de 2020.
A partir desse período, carros movidos a gasolina e registrados antes de 2000, assim como automóveis movidos a diesel e registrados antes de 2006, vão ser proibidos de circular pelas ruas da cidade. A mudança vai afetar cerca de 125 mil veículos e deve reduzir os índices de poluição em 15% até 2024, afirma a prefeitura.
“Isso talvez não seja suficiente e, por isso, estamos considerando outras medidas, como cobrar os motoristas com um pedágio urbano”, disse Colau durante uma entrevista na TV local.
Barcelona excede os níveis de dióxido de carbono na atmosfera desde 2002, levando em conta os limites impostos pela União Europeia. Segundo o relatório da secretaria de Saúde da cidade publicado, a péssima qualidade do ar já causou 424 mortes “prematuras” entre 2010 e 2017.
Madrid no caminho oposto
Se Barcelona está cortando suas emissões, Madrid pode ser a primeira capital europeia a abandonar as zonas de baixa emissão de gases, depois que as eleições regionais de maio levaram à administração da metrópole um grupo que vê o trânsito madrilenho como parte da “identidade cultural da cidade”.
Isabel Díaz Ayuso, agora presidente da região de Madrid pelo Partido Popular (PP), disse que o congestionamento em Madrid, que costuma existir até mesmo durante as madrugadas, faz com que a cidade seja especial. Ela já afirmou que vai tentar reverter o projeto conhecido como Madrid Central, que tem diminuído a poluição urbana desde a sua implementação.
Durante a campanha eleitoral, Ayuso disse ao jornal El País que o trânsito não é motivo para felicidade, mas que também é um sinal de que as ruas estão sempre vivas”. “Congestionamentos são parte da vida em Madrid”, afirmou. As eleições municipais espanholas aconteceram no último final de semana de maio e são organizadas de modo que os eleitores votam apenas nos partidos, cabendo a eles decidir quem serão os dirigentes de cada região — em Madrid, o PP ganhou maioria do parlamento.
Uma mudança no sistema do Madrid Central poderia marcar a primeira vez que uma grande capital europeia volte no tempo com relação a medidas climáticas. O projeto foi duramente atacado pelos conservadores por ser um totem do movimento Mas Madrid, da líder de centro-esquerda Manuela Carmena, que governou Madrid de 2015 até este ano pelo Podemos, também de esquerda. O novo prefeito de Madrid, José Luis Martínez-Almeida, outro membro do PP, disse que sua primeira ação seria focar no fim do projeto.
Fonte: Portal Segs.com.br