Nos últimos meses, ocorreram vários acidentes com ônibus

Muitos deles envolveram colisões traseiras com caminhões, indicando fadiga do motorista como possível causa. Outros casos incluem tombamentos, colisões com veículos leves e dois dramáticos acidentes com carretas, resultando em 39 mortos no ônibus da Emtram e 12 vítimas em um ônibus de fretamento que transportava estudantes no interior de São Paulo.

Embora esses dois casos mais graves tenham sido causados pelos motoristas das carretas, os demais apontam para uma predominância de sinistros (acidentes) nos quais os motoristas de ônibus foram os principais responsáveis, muitas vezes devido à fadiga colidem na traseira de caminhões, como neste caso na SP-330.

Ônibus da Guanabara bate na traseira de carreta na Via Anhanguera e deixa 10 feridos
Ônibus da Guanabara bate na traseira de caminhão na Via Anhanguera e deixou 9 feridos. Foto: Mídias sociais

Fiscalização precária

Muitas pessoas perderam a vida ou ficaram gravemente feridas em acidentes com ônibus. Infelizmente, conforme denunciado pelo SINAGÊNCIAS (Sindicato dos Funcionários das Agências Reguladoras), há sinais claros de redução da fiscalização do transporte rodoviário interestadual de passageiros, incluindo o fechamento de diversos postos de fiscalização.

No transporte intermunicipal, a situação também é preocupante. O portal Estradas.com.br já alertou que normas que fragilizam a segurança viária estão sendo implementadas sem critérios técnicos adequados.

Um exemplo preocupante ocorre em São Paulo, onde a Artesp (responsável pelas viagens intermunicipais) publicou, em 2022, a Portaria ARTESP nº 61/2022, que aumentou a distância máxima das viagens sem paradas obrigatórias de 170 km para 350 km, sem estudos técnicos que justificassem a medida.

Segundo apuração, a decisão atendeu a interesses de algumas empresas que queriam eliminar paradas para otimizar a frota e o tempo de seus motoristas. Como consequência, isso coloca pressão excessiva sobre os condutores, comprometendo tanto a segurança quanto a saúde dos passageiros.

CUIDADOS: Laércio Simões, diretor de Procedimentos e Logística da Artesp Foto: Divulgação/Artesp
Em entrevista ao Estradas.com.br, o diretor de Procedimentos e Logística da Artesp, Laércio Simões, declarou:Pretendemos rever essa portaria. Nem de carro eu faço 350 km sem parar, imagine um motorista de ônibus. Isso é um risco enorme para todos.”

Simões também informou que um estudo técnico seria realizado para definir novos padrões. No entanto, mais de 70 dias após a entrevista, nenhuma mudança foi feita.

Infelizmente, o histórico dos acidentes no Brasil mostra que medidas só são tomadas após grandes tragédias.

Por isso, o Estradas.com.br reuniu algumas dicas essenciais para viajar de ônibus com segurança e evitar armadilhas.


Viajar de ônibus é ótimo, mas precisa ser seguro

Com o aumento das viagens no período de Carnaval e férias, o SOS Estradas elaborou dicas importantes para evitar problemas e escolher viagens mais seguras.

Não hesite em denunciar irregularidades. E nunca esqueça: use sempre o cinto de segurança. Ele reduz em 70% o risco de morte ou lesões graves.

O barato sai caro

  • Desconfie de preços muito baixos, mesmo em empresas de aplicativos conhecidos. Muitas dessas empresas são apenas intermediárias e não garantem a segurança do transporte. Até divulgam que o fazem mas na hora da tragédia dizem que só vendem passagens.
  • Evite embarcar fora de rodoviárias. É indício de viagem irregular e nesses locais não há fiscalização nem segurança, expondo os passageiros a riscos como assaltos e fraudes.
  • Verifique a regularização da empresa no site da ANTT (para viagens interestaduais) ou no site do órgão estadual competente . Em São Paulo, é a Artesp: www.artesp.sp.gov.br.
  • Cheque o cronotacógrafo do ônibus. Basta digitar a placa. Esse dispositivo é a “caixa-preta” do transporte rodoviário e deve estar certificado pelo Inmetro
  • A “peça” atrás do volante é um ser humano

  • Motoristas devem alertar sobre o uso do cinto de segurança no início da viagem. Valorize essa atitude.
  • Observe as condições dos motoristas: quando tem dois condutores, especialmente nas viagens longas, provavelmente estão em excesso de jornada, o que é proibido e coloca a segurança de todos em risco.
  • Motoristas precisam de descanso adequado. Se eles dormem no próprio ônibus, nas aviagens de turismo e fretamento, isso indica condições precárias.
  • Quando viajar em excursão tenha certeza de que o motorista está com a habilitação e exame toxicológico em dia.
  • Evite empresas que oferecem viagens sem paradas para trajetos acima de 200 km. Isso é perigoso porque após duas horas de condução o motorista aumenta o risco de fadiga de perder o controle do veículo. E lembre-se, quando assumiu o ônibus ele já estava trabalhando por pelo menos 1 hora.
  • Banheiros em viagens longas sem parada ficam em condições precárias de higiene, representando risco para idosos, gestantes e pessoas com mobilidade reduzida.
  • Nunca fique em pé no ônibus em movimento. Uma freada brusca a 80 km/h pode causar quedas graves ou fatais.
  • Leve agasalho porque o ar condicionado por estar frio e você não controla temperatura.
  • Tenha sempre água e alimentos a bordo. No caso de longos engarrafamentos ou sinistro (acidente) poderá ser muito útil.
  • Na parada
  • Memorize o nome da empresa e o prefixo do ônibus.
  • Fique atento ao tempo de parada informado pelo motorista.
  • Pegue seus pertences ao sair do ônibus. Muitas pessoas esquecem malas no bagageiro.
  • Denuncie imprudências
    • Se o motorista estiver dirigindo de forma perigosa, denuncie para a PRF pelo 191.
    • Os registros do cronotacógrafo permitem confirmar o excesso de velocidade e tempo de direção.

Com essas dicas, você evita riscos e contribui para uma viagem mais segura para todos. Boa viagem!

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