
Família espera justiça e que homem continue preso; ele disse à polícia que estava sem CNH e havia bebido 3 litros de cerveja pouco tempo antes da colisão
“Não caiu a ficha, é algo inacreditável. O mais difícil é saber que a irresponsabilidade de outra pessoa tirou a vida de toda uma família”, diz a manicure Sheila Andrade Fernandes, de 29 anos, familiar de quatro vítimas fatais que morreram no acidente causado por um motorista embriagado, na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-055), em Peruíbe, no litoral Sul de São Paulo.
Sheila conta dentro do carro estavam sua irmã, Glaucia Andrade de Sousa, de 30 anos, seu pai Genivaldo Freire de Sousa, de 60, o sobrinho Enzo Gabriel Andrade dos Santos, de 1 ano, o cunhado Claudinei Souza dos Santos, de 38 anos, e um amigo deles chamado Johnny Cassiano Passos, de 29, que ela não conhecia. Ela acredita que a família estava indo para a casa de um amigo em Peruíbe.
As cinco pessoas que estavam no Fiat Uno morreram com a colisão frontal, depois do motorista, com sinais de embriaguez, que dirigia uma Mitsubishi Pajero TR4, perder o controle do veículo e invadir a pista contrária.
De acordo com o registrado no boletim de ocorrência, os policiais notaram que o motorista apresentava sonolência, olhos vermelhos, forte odor etílico, dificuldade de orientação, dificuldade de memória e capacidades motora e verbal reduzidas.
O motorista chegou a confessar que havia ingerido bebida alcoólica, mas se recusou a fazer o exame etilômetro para atestar a embriaguez. Interrogado pela Polícia Civil, ele afirmou que estava em uma festa de forró desde às 22h do dia anterior, mas que não se recordava do local onde aconteceu a confraternização.
Ele contou, ainda, que encontrou amigos no local e que bebeu mais de três litros de cerveja. Ao ir embora, ele teria pegado o carro de uma amiga, da qual não se lembra quem é, emprestado e, mesmo sem carteira de habilitação, tentou dirigir de volta para casa, causando o acidente na rodovia.
“Independente da situação, ele está vivo, não aconteceu nada com ele. Agora, para a minha família não tem volta, foram vítimas dessa tragédia”, diz a familiar. De acordo com ela, toda a família mora em Itanhaém, mas em bairros um pouco distantes. O pai e mãe são separados há 16 anos, mas há cerca de dois meses ele passou a morar com a irmã.
Quem dirigia o automóvel em que as vítimas morreram era o cunhado de Sheila. De acordo com a manicure, a família era sua base e todos os familiares e amigos estão abalados com o ocorrido.
“Quando os policiais vieram dar a notícia para a minha mãe, ela desmaiou e eu passei muito mal na minha casa, eu estava desesperada. É chocante. Não sabemos como será nossas vidas sem eles. Eu só sei que temos que ter fé para ter força e criarmos os filhos da minha irmã. Além do bebê, que morreu, ela tem outros três filhos, de 10 anos, 7 anos e 3 anos.”
A família afirma que não tem condições financeiras para pagar o sepultamento e optou pela ajuda do fundo social. O velório terá duração curta, devido à pandemia, e ocorrerá com restrição de pessoas, neste domingo (2), data que os corpos serão liberados pelo Instituto Médico Legal (IML), conforme explica Sheila.
“Minha irmã era muito brincalhona, alegre, estava ali quando a gente precisava, mas sempre muito extrovertida. Meu pai era muito calmo, adorava dançar e brincar. E agora, ficam só as lembranças boas e queremos justiça. Porque tirar a vida da minha irmã, sobrinho e meu pai, as coisas mais preciosas que tínhamos, é muito dolorido. Meu sobrinho tinha 1 ano e 8 meses, uma vida pela frente. Tirou um pedaço de nós. Foram os três de uma vez”, finaliza a familiar.
Relembre o caso
O acidente aconteceu na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-055), no Km 347, na altura do bairro Caraguava. Um motorista que dirigia uma Mitusbishi Pajero TR4 perdeu o controle do veículo e invadiu a pista contrária. Ele bateu de frente com o Fiat Uno, onde estavam cinco pessoas, que ficou completamente destruído.
Ao chegar no local do acidente, os policiais rodoviários encontraram o motorista do carro de luxo, que provocou o acidente, sendo atendido por equipes do Serviço de Atendimentos Móvel de Urgência (Samu) com ferimentos leves, enquanto as cinco vítimas do outro veículo estavam sendo retiradas das ferragens e colocadas no acostamento, já sem vida.