Manifestantes percorreram na manhã desse sábado (26) diversos trechos da rodovia; Artesp irá avaliar as manifestações
Moradores de Mogi das cruzes (SP) se reuniram nesse sábado (26) para protestar contra a implantação do pedágio na Rodovia Pedro Eroles (SP-088), a Mogi-Dutra. O projeto foi anunciado na segunda-feira (21) e tem sido motivo de preocupação.
A Magda Vomero Vasconcellos conta que vai até o centro de Mogi , pelo menos, duas vezes ao dia e que o pedágio vai pesar no bolso. “O único comércio que temos, supermercado, é aqui. Padaria é aqui. Mas a gente faz tudo em Mogi. Hospital, médicos, enfim. Tem que ter uma alternativa para quem mora aqui”.
O corretor de seguros Dimas Luiz Feliciano mora há 20 anos em um condomínio que fica às margens da rodovia e fala porque participou do protesto. “Eu chego a utilizar cinco a seis vezes por dia e, com certeza, duas vezes por dia eu tenho que ir na cidade. É uma via de utilização intensa por parte dos moradores”, conta.
Com buzinaço, a carreata rodou de forma pacífica por 80 quilômetros, até o bairro da Ponte Grande. Durante a manifestação, os moradores bloquearam a Mogi-Dutra, bem no ponto onde a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) deve construir a praça de pedágio. Eles ficaram parados por pouco tempo no km 45 e logo continuaram a carreta.
O advogado João Carlos Barbatti conta que participou da última audiência pública em São Paulo, realizada na sexta-feira (25) e não saiu satisfeito com as respostas que recebeu.
“No projeto eles disseram para as pessoas que fossem se locomover dentro do próprio município, que teria a alternativa de marginais. Só ia ser cobrada a tarifa de pedágio depois de pronta a marginal. Então eu questionei na reunião onde está essa marginal para essas pessoas que estão nos bairros de divisa para chegar ao centro. Aí eles disseram que não tinha essa marginal, mas que eles teriam outra alternativa. Falei ‘me desculpa, mas o senhor está desqualificado para poder presidir essa audiência, porque não existem essas alternativas. Para essas pessoas saírem dos bairros de divisa quiserem se direcionar ao centro, eles vão ter que se dirigir a outros municípios. Vão ter que ir pra Suzano, ir pra Itaquá’”.
De acordo com os moradores, mais de 10 bairros serão afetados com a instalação do pedágio na rodovia, como conta o presidente da associação de proprietários dos lotes do Aruã, Luís Carlos Bonora. “Eu acredito que no entender da Artesp, eles acharam que era uma área rural que não tinha mais nenhum bairro além dos condomínios aqui. Isso a gente vai deixar claro em uma ação”
Quem mora na região diz que continuará lutando para que o pedágio não seja instalado. “Esse é o primeiro recado, porque a ideia é que esse seja o primeiro evento de muitos outros que possam se fazer necessários até que a gente possa exercer o nosso direito de ter uma rodovia livre para a ciruclação entre bairros do municípios de Mogi das Cruzes”, diz o professor Paulo Bocuzzi.
Em nota, a Artesp disse que o projeto de concessão do lote rodovias do litoral está em fase de formatação, com discussões abertas à população. Já foram realizadas quatro audiências públicas, que receberam contribuições da sociedade civil para o projeto e agora está em fase de consulta pública até o dia 25 de novembro.
De acordo com a Agência, todas as informações relativas ao pedágio, inclusive o local de instalação, refletem o estágio atual dos estudos e ainda podem passar por mudanças, de acordo com as manifestações formalizadas nas consultas e audiência públicas. Todas as manifestações, críticas e sugestões serão avaliadas para eventual incorporação ao projeto.