Um dos sobreviventes do acidente em Santa Catarina, o jovem Lucas Vieira de 17 anos, informou a imprensa de Santa Catarina que o motorista Cergio Antonio da Costa, que era também proprietário da empresa Costa & Mar, passou a noite inteira tentando consertar o ônibus em que viajavam.Depois teria continuado a viagem no outro ônibus que acabou envolvido no acidente.

Segundo apuramos, o ônibus saiu de União da Vitória por volta das 23h de sexta-feira e após andar cerca de 150 km, já na madrugada de sábado, apresentou problemas mecânicos. Parou em um posto em Rio Negrinho, perto de Mafra e Cérgio tentou resolver o problema a noite inteira mas não conseguiu e por isso pediu que viesse outro veículo. O ônibus reserva chegou as 15h conduzido por outro motorista da empresa. Os passageiros que estavam numa van que acompanhava o grupo embarcaram todos no ônibus reserva que tinha capacidade para 50 pessoas.

Apesar de cansado, o dono da empresa resolveu continuar a viagem dirigindo, inclusive com seu filho a bordo. O acidente ocorreu por volta das 17h30. Embora o jovem Lucas acredite que tenha faltado freio, ele também admitiu que os passageiros estavam preocupados achando que o motorista poderia dormir ao volante.

Como o ônibus foi direto para a ribanceira e não há sinais importantes de frenagem, há principalmente duas hipóteses sendo discutidas: 1) O veículo realmente ficou sem freio mas nesse caso é difícil compreender porque o motorista não teria ao menos tentado fazer a curva e passou reto 2) O motorista ter cochilado ao volante pela jornada enfrentada e esforço físico na tentativa de consertar o veículo.

O que é certo, em qualquer hipótese é de que o motorista estava de fato cansado, sem as condições ideiais para dirigir. Quanto aos freios, a perícia terá condições de confirmar se havia algum problema. Em recente acidente da empresa Reunidas, em que uma dezena de pessoas morreram em Santa Catarina, também se cogitou falha no freio mas a perícia comprovou que o veículo estava ok.

A verdade é que a fadiga é uma das principais causas dos acidentes com motoristas profissionais no Brasil e a recente revogação da Lei do Descanso, sancionada pela Presidente Dilma Roussef, pressionada pelos embarcadores e seus deputados, só poderá gerar mais acidentes. Caso a lei fosse respeitada o motorista Cérgio, mesmo sendo dono da empresa, não poderia seguir viagem. Ao menos se as informações das vítimas sobreviventes e dos funcionários da própria empresa forem verdadeiras.